Sopa da Pedra
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À Sopa da Pedra, também conhecida por Sopa de Pedra, associamos, além de uma receita, uma lenda.
Almeirim parece ser a responsável pela entrada da Sopa da Pedra no dicionário. Foi um dos 21 finalistas para a sétima maravilha gastronómica de Portugal.
Lenda da Sopa da Pedra
Havia um frade que deambulava pelos lados de Santarém, mais concretamente em Almeirim, que estava faminto. Andava de porta em porta à procura de alguém que lhe oferecesse uma esmola ou uma dose de comida que lhe preenchesse o estômago.
Batendo em todas as casas que lhe vinham no caminho, à procura de alguém que lhe remendasse a fome, desistiu depois de perceber que ninguém o iria ajudar. Resolveu então pôr o orgulho à frente de tudo o resto e, tirando uma pedra do bolso, afirmou para todos:
– Vou então fazer uma sopa de pedra!
Todos se riram, à medida que olhavam para o pobre frade a preparar-se para cozinhar. O frade perguntou-lhes se nunca tinham provado uma sopa de pedra, e os presentes responderam que não, e que nem sequer sabiam da existência de tamanho disparate. Disse-lhes que não sabiam o que perdiam, à medida que limpava muito bem a pedra para a colocar numa terrina, enchendo esta com água e aquecendo-a ao lume.
– Isto com um pouco de gordura é que ficava bom, não se arranja? – disse o frade.
Um dos que o ouvia levantou-se para ir buscar banha de porco. Logo depois da gordura ser usada, o frade provou um pouco e exclamou:
– Está insosso. Falta sal a esta pedra. Não há por aí sal?
E lá lhe trouxeram o sal, que o frade se apressou a usar, temperando o caldo. Tornou:
– Para apurar o sabor faltam só umas couves cá da terra.
Deram-lhe as couves, afinal todos queriam saber como seria, no fim de contas, uma sopa feita de pedra. Finalmente, o frade disse:
– E por fim, para rematar, só falta mesmo chouriço e o toucinho.
E cada vez mais curiosos, lá lhe trouxeram o toucinho e o chouriço, logo acrescentados à terrina.
Terminado o cozinhado, que bem cheirava, o frade pôs-se a comer, observado por dezenas de olhos, que não miravam outra coisa que não aquele solitário calhau envolvido por tanta coisa boa. O frade foi comendo, e comendo, até nada sobrar que não aquilo com que começou: um púcaro e uma pedra. Inconformado, o público perguntou:
– Então e a pedra?
Ao que o frade respondeu:
– A pedra vou lavá-la e guardá-la comigo. Vai servir para o próximo caldo.
Receita da Sopa da Pedra
Ora, pegando na receita de Maria de Loures Modesto, que de resto a foi buscar ao restaurante Toucinho de Almeirim, os ingredientes são os seguintes: uma orelha de porco escaldada e bem raspada, um litro de feijão encarnado, 150 gramas de toucinho entremeado, um chouriço de carne, outro de sangue, 750 gramas de batatas, cebola a gosto, mais alho e coentros e pimenta e sal e louro. Isto para um total de oito pessoas, sensivelmente.
O feijão duro deve ser colocado de molho. O feijão do ano não precisa e está apto a entrar no cozinhado sem ir a banho.
Depois, a coisa é relativamente simples: pôr os chouriços, o toucinho, a orelha, as especiarias, e o feijão, a cozer, tudo ao mesmo tempo. No fim tempera-se com mais ou menos sal, e com mais ou menos pimenta.
Retira-se a carne depois de pronta e substitui-se pela batata e coentros que vão à cozedura na mesma água.
Por fim, é só tirar o tacho do lume, juntar as carnes previamente cozidas, e, importante toque que vem no livro da tradição, juntar uma pedra bem lavada no centro do prato, porque ao contrário do que diz a lenda, o calhau é posto no fim.
Festival da Sopa da Pedra
A cidade de Almeirim faz, no final de Agosto ou início de Setembro, uma celebração à Sopa da Pedra através de um festival de vários dias, e que aproveita o embalo e promove outras iguarias de região, como as caralhotas ou o melão.
Morando-se longe (se estiver em Lisboa, vir a Almeirim é um pulinho), há umas quantas opções de estadia. Neste espaço, recomendamos a Quinta da Gafaria, ligeiramente afastada do centro mas bem posicionada entre Almeirim e Santarém.