Poço da Gola

Nome curioso, este de Poço da Gola, deduzindo que a gola vem do termo que alguns beirões e transmontanos usam para o efeito de remoinho que, por vezes, se observa num rio. Aliás, os dois outros Poços da Gola que conheço ficam em Manhouce, na Beira Alta, e junto a Murçós, em Trás-os-Montes. A questão é que por aqui, na banda mais oriental do concelho de Ponte da Barca, já pertinho da aldeia histórica de Lindoso, estamos um pouco longe dessas referências, mas aparentemente não o suficiente para lhe cunharem diferente designação.

A cascata de Parada

Estamos em montanhas de chuva e os mananciais do Parque Naiconal Peneda-Gerês são muitos. Dois deles, formados nos topos mais setentrionais da Serra Amarela, sangram encosta abaixo e casam nesta baixa a poucos metros da estrada nacional, criando um pequeno poço alimentado por petizes e sequentes quedas de água, no sopé do já dito vilarinho de Parada de Lindoso.

Aos riachos deram o nome de ribeiro da Ponte e de ribeiro de Mulas – este último numa possível alusão aos moinhos que aqui se encontravam (e que ainda existem, embora desocupados), onde se ancorariam algumas mulas ou burros para fazer o carregamento do cereal moído até aos lugarejos circundantes.

Os moinhos deram denominação a um caminho, apropriadamente intitulado Trilho dos Moinhos de Parada, com cerca de onze quilómetros, que circula pela encosta da serra, atravessa a aldeia, e passa rente ao rio Lima, numa rota prolífica em miradouros ribeirinhos. Uma das suas etapas mais procuradas é, no que a este texto diz respeito, a da passagem pelo Poço da Gola. Para quem não tenha tanto espírito escotista, há a hipótese de se parar o carro a cerca de cinco minutos a pé da cascata – o resto é feito a passo, com o cuidado necessário na descida ao leito porque o musgo é piso apto à patinagem.

Uma boa notícia: como estamos fora dos circuitos mais turistizados do Parque Nacional, o Poço da Gola continua a ser uma escolha relativamente segura para quem, como eu, prefere evitar concentrações de toalhas de banho. As colmeias de banhistas ficam mais a sul, nos domínios de Terras de Bouro. É aproveitar enquanto é tempo. Ou no meu caso, que já não vou para novo, é aproveitar enquanto há tempo.

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