Pelourinho de Lousada

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Para os lousadenses, o Pelourinho de Lousada é a memória com mais alta patente no município – além do seu simbolismo enquanto representante da autonomia local, é considerado Monumento Nacional desde 1910, e por isso a peça que mais enche o peito ao seu povo. Contudo, para mim, um estrangeiro no concelho, serve sobretudo para me sincronizar geograficamente com ele.
Realmente, sobre Lousada, não se pode falar num ordenamento do território, expressão muito em uso nestes dias, mas sim num desordenamento, tal a espontaneidade e a aleatoriedade com que os núcleos habitacionais e, por arrasto, também os comerciais, se espalharam pelo seu território. No meio de lotes à espera de construção e de outros à espera de habitação, de apartamentos engavetados em prédios de três a cinco andares e do caleidoscópio de casas modernas e antigas, da alternância entre o cimento e o granito e da colonização que o homem vai fazendo ao campo, a verdade é que rapidamente me sinto perdido.
Assumo sem problema que tenho truques para escapar à constante e inevitável condução à deriva. Uma é recorrendo a tecnologia, que por casmurrice gosto de evitar. Outra é a insistência numa rotina que me dê uma ideia correcta dos pontos cardeais – entrar no concelho sempre pelo mesmo sítio, por exemplo, ajuda; idem para a saída. E por fim, há aquilo que me levou a escrever o corrente texto, o Pelourinho de Lousada, que mais do que um monumento, funciona para mim como a Estrela Polar do burgo.
Sei que não estou sozinho na desorientação que Lousada me traz. Aliás, sou levado a crer que mesmo o pelourinho por cá se desnorteou com o desalinhamento urbano, porque desde o século XX que aparece nas traseiras da Câmara e não defronte dela, como é hábito. De qualquer forma, não fosse ele, o pelourinho, e eu quase não conseguiria identificar a cabeça do concelho – se é que ela existe, acrescente-se. Aparentemente, e segundo posição do dito, que como sabemos era por definição o eixo político, judicial, e comunitário de determinada vila e arredores, fica em Silvares, terra de densos verdes agora invadida pelo ímpeto obreiro muito característico das sociedades minhotas e durienses.
O Pelourinho de Lousada como expoente monumental do concelho
Deixando de parte a questão orientadora que o Pelourinho de Lousada permite ter, o objecto em si é uma obra de força.
Trata-se de um reflexo da elevação da vila a sede de concelho – um dos muitos que receberam o invejado foral no reinado de D. Manuel I. A construção vem desse tempo, ou seja, do século XVI, e a resistência do granito garantiu que se tenha aguentado até hoje com aspecto muito próximo ao que tinha na origem (há, todavia, quem garanta que este exemplar é uma cópia do pelourinho primitivo, já destruído).
É certo que lhe acrescentaram a base, de planta quadrangular, mais recentemente. Também há certezas de que algumas peças foram perdidas, conforme José Augusto Vieira relata no clássico “O Minho Pittoresco“: “com o seu pelourinho em columna torcida, incompleto já”.
A coluna salomónica – o pedaço central do monumento -, que vamos seguindo de baixo para cima, nivelados com a espiral, remata num simples capitel, a lembrar os templos da antiguidade clássica, onde se sobrepõe um tabuleiro alargado e quadrangular, este de feição românica, o mais caro dos estilos da região do Vale do Sousa. No topo, ferros incrustados na pedra indicam parte da sua anterior utilidade, como pilar onde se acorrentava gente que tinha falhado à comunidade e que ali se deveria exibir para humilhação do próprio e para aviso dos restantes.

Bem próximo do Largo do Pelourinho vemos homenagens ao dito feitas noutros materiais
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Mapa
Coordenadas de GPS: lat=41.27705; lon=-8.28079
