Festival da Máscara Ibérica
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Uma ode às máscaras que sublinham a mais milenar das culturas de cada povo, o Festival da Máscara Ibérica chegou há mais de uma década a Lisboa. Veio, viu e venceu. Se há tanto disparate a ser denunciado nesta submissão da capital à explosão turística, haja casos destes que a enriquecem intelectualmente.
De todos os festivais que promovem o folclore (e eu conheço muitos), o Festival da Máscara Ibérica foi o que mais estrondo mediático teve. Sou visitante regular desde a primeira hora e, confesso, nunca esperei que ele chegasse onde chegou. Ainda bem que me enganei.
As máscaras ibéricas
As máscaras que algumas aldeias do norte do país preparam para celebrar passagens cíclicas do calendário já foram aqui faladas, enquanto Caretos, pela pena do Carlos Carneiro. Aí, descreveu-se todo o fenómeno que, no Natal e no Carnaval, desperta os sentidos das aldeias de Trás-os-Montes.
Além desse fenómeno nordestino, outras zonas de Portugal contam com essa singular manifestação que é a máscara como avatar da pessoa, algo que a faz ultrapassar a sua dimensão humana, numa altura em que a diabrura é chamada a intervir – ou por estarmos em pleno solstício invernal, ou por estarmos na altura em que a natureza rejuvenesce como acontece no entrudo. É aí que surgem províncias como o Minho e a Beira Litoral a juntarem-se às mais óbvias escolhas transmontanas, como os Caretos de Varge, os Caretos de Ousilhão, os Caretos de Lazarim, ou os icónicos Caretos de Podence, entre muitos outros.
Do outro lado da fronteira, estes simbolismos mantêm-se, nomeadamente a norte, nas províncias de Leão, Galiza e Astúrias. As regiões mais setentrionais sempre foram mais dadas a isto da comemoração críptica dos ciclos. E aproveito para anunciar a minha máscara favorita no meio de mais de trinta opções: os Homens de Musgo, ou usando o nome original, Los Hombres de Musgo, provenientes de Béjar, em Espanha, perto de Salamanca.
Asturianos no Rossio, por ocasião do Festival Máscara Ibérica
O Festival Internacional da Máscara Ibérica
Tornou-se tão monumental que a partir de certa altura ganhou outro nome, passando a ser designado Festival Internacional da Máscara Ibérica, sublinhando-se o internacional no meio disto tudo. Não é para menos. As máscaras já nem sequer se fixam nas fronteiras da península que nos dá chão. Todos os anos há convidados que vêm de outros países que não Espanha ou Portugal.
O que antes era pouco mais do que um desfile com um certame de tendas dispostas na Praça do Rossio, cada uma com a sua causa, agora passou a festa de quatro dias (de Quinta-Feira a Domingo), com direito a concertos de bandas de renome na folk nacional, teatro, degustação de vinhos e de cozinha regional, atelier de máscaras, animações de rua com gaiteiros nortenhos, contendas culturais e concurso de fotografias.
A melhor fatia do bolo está guardada para a tarde de Sábado: é o Desfile das Máscaras Ibéricas, com grupos de homens e mulheres que, envergando as máscaras locais, se passeiam pela Rua Augusta. Mas esqueça-se agora a Rua Augusta porque em 2017 o cenário mudou, deslocando-se da Baixa Pombalina para Belém, mais especificamente para a Praça do Império, um palco ajustado à actual dimensão de um festival enorme, em tamanho e em intenção.
O programa para o ano corrente, bem como as povoações que irão estar presentes no desfile, poderão ser vistos aqui e aqui, respectivamente.