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A Casa de Vila Verde é um dos muitos exemplos que ilustram o passado feudal de Lousada, terra cujas divisórias foram sobretudo vincadas por Senhores da guerra, mandatados pela cúpula reinante asturiana aquando da Reconquista.

Porquê esta casa senhorial e não outra? Em primeiro lugar, porque esta ainda existe, ao contrário de outras, levadas pela violência indiscriminada do tempo. Em segundo, porque é visitável, desde que feita a marcação antecipadamente, isto se não vos calhar a sorte de lá pararem por acaso num casamento de um amigo. Em terceiro, porque a considero uma das mais bonitas em território lousadense, e competição não falta. Em quarto, porque está na posse da mesma família  – os Pinto Mesquita – desde que a primeira pedra cá chegou, o que por si só pode significar pouco, mas mostra pelo menos que um sentimento de pertença (uma oikophilia) nunca daqui desapareceu. E em quinto, porque a sua requalificação e a posterior reafirmação enquanto quinta produtora de bom Vinho Verde a coloca como um dos principais pontos de interesse para quem quer apreciar a beleza do típico Solar duriense acompanhado de um verdinho nos meses estivais.

Um solar deste e doutro tempo

O topónimo Vila Verde já deixa a sugestão de que estamos em torrão agrícola. Augusto Soares de Moura, em “Lousada Antiga“, refere isso mesmo, ao escrever que a Casa de Vila Verde é “afamada, de há séculos, pelo vinho que produz”. Vinho esse que, mesmo hoje, uns quatrocentos anos depois do início da sua produção, tem recebido elogios de bastas fontes – as várias gamas saídas das actuais vinhas podem ser vistas aqui.

De resto, a entrada na quinta, para quem vem de Caíde de Rei, do lado norte, não podia dar melhor prenúncio para o que a seguir se vê: na estrada municipal há um obelisco granítico a antecipar um corredor em túnel coberto de parra enredada em ferro (dependendo da época do ano, claro, porque no Inverno o mesmo fica despojado de folha). Seguindo por essa báquica galeria, e olhando brevemente para os dois lados do passadiço, mostram-se os enfileirados pés de vinha que, imaginamos, não tarda derivam em néctar – esse belo branco sacado aos cantões mais amenos da macro região dos Verdes, com divina concordância entre acidez, pico, frescura e mineralidade.

Que não haja dúvida, portanto, que estamos em feudo dionisíaco. Mas depois vem o melhor. Percorrendo a alameda até ao seu fim, passeio de pouca demora, encontramos um portão em ferro negro, forjado, que se abre para o pátio, para a capela, e para a Casa de Vila Verde.

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Sobre a capela setecentista, dedicada a São Sebastião, é normal que a vista se demore pelo brasão sobrelevado acima da entrada. Afinal, foi este o único escudo de armas a passar pelo termo, divisa de várias gerações da família Pinto de Mesquita que passaram nas cortes, nas autarquias, na assembleia, no exército. Mas há mais: os azulejos interiores, para começar, e muito em especial a pia, vinda da velha igreja paroquial e que era um dos seus últimos vestígios românicos.

Já o solar, percebe-se, é resultado de construção a vários tempos. Ao centro, o corpo principal, dos finais do século XVIII, com escadaria de dois lanços a convergir no primeiro piso, entendido como o piso nobre, sobreposto à antiga adega. À esquerda, no flanco nascente, um bloco misto: a fachada foi maquilhada, mas a parte traseira guarda evidentes sinais da primitiva torre do século XII ou XIII – como era costume acontecer nos domínios senhoriais enquanto elemento de defesa, de vigia, de poder. No flanco poente, o prolongamento do corpo central, bem visível pela continuidade do friso que separa o piso térreo do piso superior – trata-se de edificação já da época moderna, com três pisos, sendo o andar intermédio um belo exemplo de uma varanda solarenga, em alpendre, que harmoniosamente articula os espaços interior e exterior, e que oferece vista para o jardim, na ponta oeste do terreiro.

Em redor, um conjunto de construções de séculos transpostos foi adaptado às novas funcionalidades da quinta: à produção vinícola, às visitas turísticas, à recepção de casamentos, ao acolhimento de eventos regionais. Novos negócios para uma velha casa, como tem de ser: reformar para preservar.

Casa de Vila Verde nos tempos da floração

Fachada requalificada da Casa de Vila Verde

Portão em ferro abre-se para a Casa de Vila Verde

O bonito portão em ferro forjado

Casa agrícola adaptada a receber visitantes

Antigo edifício agora adaptado a escritório e loja

Um dos muitos portões de acesso às Honras feudais

Lousada

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Mapa

Coordenadas de GPS: lat=41.26489​ ; lon=-8.22983

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