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O Bolo Podre de que falamos é uma escolha regular da doçaria sulista, sobretudo do Alto Alentejo, do Baixo Alentejo, e do Algarve, com uma ou outra variante local.

Não confundir, portanto, com um outro Bolo Podre criado em Castro Daire, que é completamente diferente deste, logo a começar por não ser sequer doce. E também não confundir com o Bolo Podre da Madeira que, embora mais próximo, substitui as especiarias por frutas cristalizadas.

Origem do Bolo Podre

É quase certo que este manjar tenha origem monástica, vindo das mãos delicadas de freiras alentejanas.

A Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural fala de possível criação do Convento de Nossa Senhora da Esperança no século XVI e de posterior adaptação do Convento de Santa Clara no século XIX – assumimos que o primeiro convento mencionado seja o de Vila Viçosa e o segundo o de Évora, mas a descrição não especifica.

O livro “Portugal Lambareiro”, de Guilherme Felgueiras, dedicado aos doces nacionais, apesar de não abordar o tema do berço do Bolo Podre, destaca o Mosteiro de Nossa Senhora do Paraíso, também em Évora, como o que mais afamados exemplares fazia, recorrendo ainda a uma citação de Ramalho Ortigão que gaba o Bolo Podre como o que se comeria, talvez, entre os hebreus da Bíblia, à mesa de Abraão. Referencia ainda o de Nossa Senhora da Conceição, em Beja, enquanto criador de um Bolo Podre ligeiramente diferente.

Quanto à razão para o nome, o desconhecimento impera. Aventura-se uma hipótese relacionada com o largo tempo que o bolo consegue aguentar em caixa fechada sem perder qualidade, levando a que seja comido em alturas em que já deveria estar putrefacto.

Receita do Bolo Podre

Este sobremesa tem variantes na receita usada. Assim, e para não confundir o leitor, será melhor separar a receita-mãe, por assim dizer, admitindo que ela existe, das restantes que surgiram como alternativas à primeira.

Receita principal de Bolo Podre

Num recipiente, batemos açúcar amarelo, raspas de limão e azeite. Depois de tudo batido, juntamos canela e gemas de ovo – as gemas devem ser introduzidas gradualmente à medida que se bate. Dependendo do gosto, há quem junte ainda aguardente, amêndoa moída, nozes moídas, especiarias como cravo-de-cabecinha ou erva-doce, ou raspas de laranja.

Numa outra tigela batemos as claras até se obter um creme branco. Juntamos estas claras em castelo ao recipiente inicial e continuamos a mexer com o batedor adicionando farinha de trigo já filtrada com fermento.

Besuntamos uma forma com azeite e lá despejamos o composto descrito em cima. Vai ao forno a cerca de 200º por meia hora. Saído do forno, alguns cozinheiros espetam-lhe amêndoas sem pele na superfície superior. Serve-se fatiado depois de arrefecer.

Bolo Podre de Beja

Muito semelhante à receita divulgada, mas a fermentação é feita durante o cozinhado – primeiro põe-se a farinha e só depois o fermento com aguardente.

Ao contrário do anterior, leva um pouco de sal e as amêndoas podem ser doces. Deve ficar a levedar por um dia antes de ir ao forno.

Bolo Podre de Torres Novas

Pois é. Apesar de ser mais requisitado por paragens alentejanas e algarvias, o norte do Ribatejo tem uma versão muito própria do Bolo Podre. A farinha não é apenas de trigo mas uma mistura de trigo e milho com prevalência do último. Ao invés de amêndoas ou nozes, leva pinhões.

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