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O Alqueva pode ser muita coisa: uma povoação, uma barragem, um lago, uma albufeira, uma fronteira, e, no limite, uma região que açambarque tudo isso. Para o português comum, contudo, é provável que a sua menção se refira ao Grande Lago, um depósito de água doce que separa, dependendo do sítio, Espanha de Portugal, ou o Alto Alentejo do Baixo Alentejo.

O projecto para um Grande Lago

A ideia começou a formar-se há umas boas dezenas de anos, quando à produção de energia eléctrica se veio juntar a necessidade de combater a secura extrema que assola constantemente o interior alentejano, e consequentemente travar o êxodo de pessoas que abandonavam estas planícies à procura de uma outra vida na cidade, habitualmente Lisboa ou outra lá próxima. Saiu do papel em 1998, até que, quatro anos volvidos, se deu início ao enchimento deste enorme tanque artificial.

Nesse aspecto, e pondo de lado a magnífica obra de engenharia popular que é a cultura da vinha no Rio Douro, o Alqueva é, em Portugal (e dada a sua magnitude, podemos mesmo falar à escala europeia), o melhor exemplo de paisagem construída pelo homem.

São cinco concelhos que aqui estão envolvidos, pertencentes a dois distritos (Beja e Évora). E são mais de 1100 quilómetros de costa aqueles que aqui se construíram do zero – antes pouco mais se via do que margens num rio que lutava contra a aridez autóctone. Recentemente, fala-se de um possível aumento de área, ampliando os terrenos com a benesse do seu regadio.

Post-Alqueva

Toda a envolvência, e por arrasto os hábitos de quem lá vive, mudou. Nestas povoações, podemos mesmo falar de um antes do Alqueva e de um depois do Alqueva. O ano de 2002 faz a separação destas épocas. Os animais passaram a pastar noutros sítios. A agricultura teve de se relocalizar. Certamente que uma parte da cultura megalítica tão assídua no alentejo ficou nas profundezas deste lago. Casas submergiram, como aconteceu com a naufragada Aldeia da Luz, agora reconstruída de raiz num antigo morro. Outras aldeias não ficaram debaixo de água mas quase, e temos o exemplo da bela Aldeia da Estrela que passou a fazer parte de uma pequena península por onde entramos – e saímos – sempre pela mesma estrada.

Como é evidente, houve vozes críticas, como há em qualquer mudança, ainda para mais brusca, como aqui acontece.

Num plano prático, as vantagens e desvantagens do Alqueva dependem muito das perspectivas de quem opina. Para os visitantes que procuram alternativas ao litoral, a barragem mostrou-se uma excelente opção: há passeios de barco, roteiros a cavalo e a pé, praias fluviais a refrescarem tardes abrasadoras, circuitos temáticos, marinas e piscinas e parques… Para os que lá estavam, nem tudo foi um mar de rosas, chegando ao ponto de alguns verem a casa que os viu nascer submergir à conta de interesses nacionais, havendo ainda quem defenda que a construção de obra tão imponente acabou por não servir os interesses a que se propôs (a seca ainda é um mal frequente já depois da implantação do Alqueva).

Ainda assim, não deixa de ser um majestoso monumento, mais não seja pela grandiosidade. E a melhor forma de o apreciar é do topo do Castelo de Monsaraz. Aí, com o sol a bater nas superfícies espelhadas, o Alqueva torna-se feérico.

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Mapa

Coordenadas de GPS: lat=38.268384 ; -7.415204

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