Zona Velha do Funchal
Monumentos
Natureza
Povoações
Festas
Tradições
Lendas
Insólito
No século XV, o porto do Funchal era local de passagem obrigatória dos navegadores que nessa época se lançavam na epopeia dos descobrimentos, e também dos comerciantes que vinham da Europa, de nacionalidades não só portuguesa e espanhola, mas também italianos e flamengos.
Funchal
O concelho do Funchal nasceu na altura do povoamento da ilha da Madeira, em 1423. Tendo como capitão donatário João Gonçalves Zarco, um dos três descobridores da Madeira, o primitivo burgo prosperou, tornando-se no primeiro núcleo populacional do arquipélago.
Os primeiros povoadores fixaram-se naquele que é, hoje, o bairro de Santa Maria, tendo-se aí criado Santa Maria Maior, a primeira freguesia da ilha. Desse momento em diante, a povoação expandiu-se por uma extensa rua ribeirinha, e, além de Santa Maria, vir-se-iam a desenvolver outras ruas como a Rua doa Caixeiros, a Rua da Alfandega e dos Mercadores, e outras que tais.
É em 21 de agosto de 1508 que a vila do Funchal passa à categoria de cidade, por carta régia de D. Manuel I, e poucos anos mais tarde, em 1514, à sede de bispado, e a seguir, de arcebispado.
Forte de São Tiago, Funchal
Zona Velha
Parados na freguesia de Santa Maria Maior, conhecida como a zona velha da cidade, muito visitada por turistas e naturais das ilhas da Madeira e do Porto Santo, olhamos à volta. De modo geral, é recanto que oferece um vasto leque de restaurantes e bares típicos, assim como alberga certos museus, bares noturnos, pensões, um hostel – construído recentemente, no edifício que antigamente era a escola primária de Santa Maria –, um hotel de 4 estrelas, mesmo à beira mar, e por último, mas não menos importante, um teleférico.
O museu de maior envergadura, o Madeira story center, com o qual deparamos mal posto o pé à entrada da zona velha, fica defronte ao teleférico. Este museu conta-nos, entre muitas outras histórias, sobre a descoberta e o desenvolvimento comercial e industrial da ilha da Madeira, recorrendo à descrição das trocas comerciais – nomeadamente a rota do vinho da Madeira -, e culturais da ilha com ingleses, mas também entre a ilha e outras nacionalidades. Para esse efeito, a mostra é feita através de estátuas de cera que representam as personagens da(s) época(s) e igualmente através da disponibilização de aplicações tecnológicas ludo-interativas, que facilitam a compreensão dos factos históricos e cronológicos com exatidão.
No caminho para o forte de São Tiago pelas ruas de pedra, apertadas e fundas, reparamos nos restaurantes vários que não apenas se ocupam de comida regional, há-os de numerosas especialidades, donde saltam à vista os inclinados ao marisco, e note-se a presença de churrasco oriental. Para falar da oferta gastronómica madeirense que os restaurantes promovem no local, vamos referir a tipicamente regional, que brinda os paladares com as iguarias já conhecidas nacional e mundialmente: espetada regional de carne de vaca em pau de loureiro; lapas grelhadas acompanhadas do tradicional bolo do caco com ou sem manteiga de alho; caramujos, marisco típico, espécie de caracol do mar, que se pode apanhar nalguns calhaus quando a maré está muito baixa, ou então de mergulho; bife de atum à madeirense com milho cozido; filete de espada preta feito à madeirense, com ou sem banana; várias sobremesas acrescentam sofisticação aos pratos, das quais referimos o pudim de maracujá e o de veludo; a poncha regional de aguardente de cana e de laranja ou limão, assim como o vinho regional (doce, meio doce, seco ou meio seco) não podem faltar à mesa.
Longe dos aromas gastronómicos, acercamo-nos do forte de São Tiago e contemplamos a magna muralha torrada de amarelo que se estende pesadamente no que é hoje um museu de arte contemporânea, mas cuja primeira função foi a de fortaleza militar construída no início do século XVII, para proteção contra ataques de piratas que assolavam a cidade do Funchal. Em nome da nossa curiosidade, dedicaremos algumas linhas à história do Forte de São Tiago: em texto intitulado “O Regimento de 1572”, Rui Carita refere que a Madeira esteve bastante desprotegida a nível militar até acontecer o ataque dos corsários franceses no século XVI. O dito regimento de 1572 previa que se fizesse um sistema simples de muralhas, ao longo das ribeiras de São João e João Gomes, e ao longo do calhau, tendo como pontos de apoio duas estâncias, de São Lourenço e da praça do Pelourinho. Faz-se então a construção da Fortaleza que só mais tarde se chamará de São Lourenço. Era necessário defender a ilha e os seus haveres, bem como a pessoa do Governador contra a guerra de corso. Este sistema evoluiria ao longo do calhau com o forte de São Tiago, e o forte do Pico a fechar o sistema de defesa, ao longo da ribeira de São João, e os complexos de defesa da praia Formosa e da foz da ribeira de Gonçalo Aires. Pode dizer-se que o processo de fortificação da cidade do Funchal contou com 2 fases: a primeira com D. Sebastião, a segunda durante a dinastia Filipina, temporizada de 1580 a 1640. Na última fase, já próxima de 1640, criam-se as defesas terra-mar, podendo-se prever cruzamento de fogos das várias fortificações. Daí que surjam o Forte dos Louros, a Fortaleza de Santo António da Alfândega e, ainda, o Forte do Ilhéu, a meio da baía do Funchal. De realçar que estas fortificações podiam cruzar fogos entre si, ficando a cidade prevenida não fosse o inimigo tomar posse de uma das fortalezas. O sistema estava preparado não só contra ataques marítimos mas também terrestres.
Inseridos no terraço do Forte de São Tiago, olhamos a paisagem madeirense e o mar com a ciência de que ali, bafejados pela brisa eólica, se contemplam memórias e quadros passados de vivências e turbilhonantes encontros entre a gente da terra, o mar e os salteadores.