Ribeira Brava

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Ribeira Brava, uma das localidades mais antigas da Madeira, sendo que o respetivo povoamento se iniciou entre o primeiro e o segundo quartel do século XV. Porém, é o concelho mais novo do arquipélago, tendo sido criado a 6 de Maio de 1914 pela mão do Visconde da R. Brava, Francisco Correia Herédia.
O Forte
Após se completar a travessia do túnel que faz a ligação entre a Tabua e a Ribeira Brava, a estrada desemboca numa rotunda. Escolhe-se a saída à direita, que se encaminha para o coração da vila da Ribeira Brava, onde se situa a promenade ribeirabravense. A passos largos, passeia-se pela calçada de pedra da rua junto às esplanadas. Dos cafés, restaurantes e lojas turísticas da zona, avista-se a praia e o mar. Ao longe, perpendicularmente, destacam-se os rochedos e os calamares, os quais dão lugar ao antigo calabouço, e o farol, que faz por marcar fortemente a presença do gene portuário que distingue a vila da Ribeira Brava. Passados os primeiros restaurantes, defronte do mercado da vila, encontra-se o Forte de São Bento, no passado uma torre defensora da população contra a pirataria, hoje, de portas abertas aos visitantes, incumbe-se da função de posto de turismo e de informações do concelho da R. Brava.
Esta torre de pedra remonta aos inícios do século XVIII, mais concretamente, a 1708, mandada construir por Duarte Sodré Pereira, na altura, Governador da Madeira. Mais recentemente, em 1920, o Forte passa a ter a função de calabouço e atualmente, desde o ano de 1990, é-lhe dado um aproveitamento turístico. A função que este monumento detinha na antiga Ribeira Brava desvaneceu. Hodiernamente, o Forte evoca a lembrança de um passado ribeirabravense carente de meios de proteção contra possíveis invasores, razão pela qual é hoje uma das principais atrações turísticas da zona.
O Forte é, indubitavelmente, um monumento que se destaca na vila pelos robustos traços arquitetónicos da arquitetura militar, que destoam do ambiente paisagístico e rural que é cultivado na vila da Ribeira Brava, a saber: o material em pedra, a planta circular, o arco de volta redonda, o brasão embutido e inscrição barrocos e as ameias; acrescente-se que a torre parece ter sido restaurada algures na sua existência, talvez por volta de 1920, pois o material de que é feita se distribui desigualmente em altura.

Uma mini fortaleza madeirense, na Ribeira Brava
Igreja Matriz e edifício da Câmara Municipal
Contornados os cafés, seguindo por uma ruela ladeada de lojas artesanais, sobe-se na direção da igreja de São Bento. Pela esquerda, surge o adro da igreja preenchido pela distinta calçada de calhau madeirense, cuja utilização de rocha vulcânica é frequente encontrar em todos os adros de igrejas da ilha. Não obstante a grossura da sola do sapato, a calçada de calhau consegue fazer sentir-se através da planta do pé, dada a peculiar distribuição da pedra pelo solo em pequenos grãos.
Ao que tudo indica, a igreja Matriz da Ribeira Brava remonta ao século XV, no entanto a sua construção terá sido executada morosamente ao longo dos séculos, sendo, por isso, essa a razão da incorporação de diversas e distintas características arquitetónicas na sua composição, designadamente, traçados manuelinos, maneiristas e barrocos. A igreja retangular possui uma nave central e duas laterais, é desprovida de cruzeiro e do seu lado direito possui apenas uma torre sineira. A fachada é sóbria e no pórtico central descobre-se um arco de volta perfeita que contrasta com os demais traços do gótico-manuelino. A sobriedade e robustez da igreja recuperam a firmeza do Estilo-Chão português, tão próprio do século XVI. Ao passar-se as portas da igreja, notamos o contraste entre o exterior sereno e o altar-mor profusamente decorado no seu interior em talha dourada. A igreja da Ribeira Brava é tida como o monumento mais antigo da ilha aberto ao público.
O edifício da Câmara Municipal da R. Brava, outrora solar dos nobres Herédia, distingue-se de todos os prédios da zona e descobre-se no seio de um jardim e passeio públicos abertos aos visitantes. A moradia de três pisos, datada do séc. XVIII e renovada ao longo dos séculos, está pintada de rosa e é identificada como casa neoclássica, parecendo ser ela o padrão-tipo arquitetural das casas madeirenses construídas na primeira e segunda metades do século XX. O edifício está identificado como monumento de interesse municipal pelo facto de ter acolhido a família Herédia e especialmente Francisco Correia Herédia, fundador e visconde do concelho da Ribeira Brava. Mais tarde, o solar transforma-se na sede da Câmara Municipal da Ribeira Brava. À sua volta desenvolve-se um jardim revestido pela tradicional calçada de calhau madeirense, fronteiro a um modesto lago. Também lá desponta um busto erigido em honra de Luís Mendes, um dos vários presidentes que teve o concelho. Apesar de ser um local aberto ao cidadãos – os transeuntes passeiam livremente pelos jardins e usufruem do espaço tranquilo –, o circuito é limitado pois que a moradia antiga se encontra fechada ao público.
Museu Etnográfico da Madeira
Pela Rua do Visconde acima chega-se ao Museu Etnográfico da Madeira, antigo solar de São José e fábrica industrial para a destilação de aguardente, hoje remodelado como museu. Forma-se por dois grandes edifícios que se interligam, sendo que um constitui a moradia antiga e o outro a edificação moderna. Distribui-se ao comprido em dois pisos, a fachada pintada de cor-de-rosa é rematada por janelas e portas, o que acentua a sua horizontalidade.
No século XVII, o edifício era casa residencial com uma capela no interior, passando, depois, no século XIX a acomodar um engenho de moer cana de açúcar, um alambique de destilação de aguardente e uma parelha de moinhos de cereais.
No século XX, dá-se um reaproveitamento da antiga capela e do grande espaço industrial para ali se consolidar o Museu Etnográfico madeirense. O museu compõe-se de salas de exposição interpenetradas por antigas divisórias que expõem vivências tradicionais da típica moradia madeirense de séculos passados e memórias agrícolas, industriais e vinícolas da ilha, fabrico artesanal, têxteis e instrumentos musicais.

Torre sineia na vila de Ribeira Brava, na Madeira