Erva-Cidreira
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A erva-cidreira, igualmente conhecida por melissa, tem raízes profundas na cultura popular portuguesa, em boa parte pela sua facilidade de cultivo mas sobretudo pelo seu poder terapêutico.
Onde cresce?
Em Portugal, como de resto em toda a Europa do sul, a erva-cidreira anda um pouco por todo lado, ilhas inclusivamente, de forma selvagem ou plantada por quem a quer ter por perto. Há uma concentração maior, contudo, no Minho e na zona setentrional da Estremadura, e uma escassez em certas regiões do Nordeste transmontano.
Cresce em jardins, em canteiros, nos campos, junto às estradas, nas encostas e nas escarpas – se tem alguma preferência, poderemos aventurar uma pelas áreas mais sombrias e protegidas do sol. É resistente ao frio e à seca, e facilmente adaptável a qualquer solo. Aguenta-se bem na terra e aguenta-se bem em vaso.
Talvez tenha sido esta sua valência, a de sobreviver a praticamente todas as vicissitudes, transformando-se no oposto daquilo a que apelidamos de flor de estufa, que a pôs como uma das mais citadas plantas do nosso dicionário botânico.
Características
Há uma comparação inevitável quando olhamos para a folha da erva-cidreira – a hortelã, com quem tem afinidades evidentes. Mas as semelhanças são também visíveis na própria cor, de um verde irlandês, vibrante e vívido. A grande diferença entre uma e outra acontece na altura da floração, pelo Verão, com a erva-cidreira a expelir uma flor pequena e branca, bem distinta da roxeada flor da hortelã.
As suas manchas atingem cerca de 40 a 50 centímetros de altura, podendo, no máximo, chegar ao dobro disso. Tende a crescer horizontalmente ao invés de verticalmente, razão pela qual pode atingir meio metro de diâmetro – já diz a canção, ó erva-cidreira, que estás no telhado, quanto mais te rego, mais pendes para o lado.
Os mil usos da erva-cidreira
E aqui entramos num mundo por descobrir. São tantos os usos dados à erva-cidreira que, mesmo com pesquisa, provavelmente estaremos a pecar por defeito.
De uma forma ultra genérica conseguimos dizer que a erva-cidreira serve propósitos tão vastos que vão da sua utilização medicinal à gastronómica, passando pela decoração e a cosmética. Só daqui já compreendemos a crescente procura que existe por ela, em mercados vários. Nesse sentido, tem havido uma contínua corrida à cultura de erva-cidreira.
No caso da medicina, os seus efeitos terapêuticos são comprovados pela ciência e pelo saber popular. Neste último caso, o remédio vem em forma de chá (habitualmente servido com limão espremido), que é um cura-maleitas: serve para tratar de coisas tão diversas quanto a digestão, o sono, o stress, a ansiedade, a depressão, os gases, as insónias, a tosse, a asma, as dores menstruais, as dores de dentes, as dores de cabeça, o envelhecimento, e até dizem ter alguns efeitos anti-cancerígenos e de prevenção cardíaca. Não há avó neste país que não pegue numa saqueta de folhas de erva-cidreira e num bule com água a ferver quando a intenção é aliviar sintomas.
Na cozinha, serve como óptimo participante de saladas e não só. Quando cortada, é conhecida por ter um cheiro e um sabor próximos do do limão e por isso vai bem com peixes e mariscos. Há quem a triture para sopas e sumos. Indo para outras paragens, o aroma, que ainda agora dissemos aproximar-se do limão, serve de base a alguma perfurmaria. É também considerada uma planta melífera – melissa, o outro nome pela qual é conhecida, significa, em grego, abelha.
Podíamos continuar, mas isto basta para que o recado fique dado. A erva-cidreira dá cor à casa, ajuda no tacho, substitui a farmácia. Não admira que, no campo, haja tanto alpendre que não passa sem ela.