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A Dança dos Cus decorre de uma valsa que dá música para uma coreografia curiosa, e acontece nos carnavais de Cabanas de Viriato, na Beira Alta.

O Carnaval de Cabanas de Viriato

Dando uma achega pessoal ao texto, não sou, de todo, fã da maioria do Carnaval português – sendo que a palavra-chave aqui é maioria, porque há algumas e muito boas excepções.

O que é interessante no Entrudo é o seu simbolismo: a celebração de um momento do ano em que o Inverno dá já sinais de fraqueza, havendo alguns rasgos do que virá a ser a Primavera, trazendo-se assim a natureza de volta e a esperança das sementeiras.

Esse sentimento é muito bem expressado no diabolismo dos Caretos transmontanos, hoje em dia meio centralizados nos Caretos de Podence, embora saibamos que estes não são os únicos a vir à rua nos dias de Carnaval.

Contudo, infelizmente, e sobretudo em terras mais a sul, o Carnaval degenerou, e não raras vezes vemos uma cópia, ainda por cima barata, do que acontece no Rio de Janeiro ou noutros pontos do Brasil, como na Bahia. Ora, o Brasil, primeiro que tudo, vive uma outra época do ano – estamos no pico do Verão -, e como é evidente, a celebração de cá não deve simular a de lá. Por várias razões, mas salientamos duas: o simbolismo é diferente e a temperatura do ar é radicalmente distinta.

Acaba por ser cómico, para dizer o mínimo, e absurdo, para dizer o máximo, observar cortejos abrasileirados onde mulheres dançam expondo o seu corpo como se estivessem quarenta graus e um sol abrasador colado à pele. Também a música, na sua vasta maioria samba, tenta reproduzir o espectáculo carioca em vilas portuguesas que não encaixam no contexto.

Mas como se disse, há excepções, e até há excepções para além dos Caretos.

Em Cabanas de Viriato, aldeia do concelho de Carregal do Sal, o Entrudo conta com uma característica que é elementar: a desarrumação.

Não quero com isto criticar a organização do Carnaval de Cabanas, de forma alguma. Mas há uma certa despreocupação com a forma de abordar o Carnaval por aqui, e isso é de louvar porque o Carnaval não se quer, como muitos acham, pensado.

Na verdade, se há algo que unifica os vários formatos do Carnaval em Portugal, esse algo é o caos. Um caos diferente do provocado pelos Caretos de Podence quando saem à rua para surpreender tudo e todos com as suas diabruras e chocalhadas, mas ainda assim demonstrativo de como esta época do ano não combina com ordem.

E o Carnaval de Cabanas tem esse saboroso improviso de quem sabe que isto é, mais do que qualquer outra coisa, uma festa da transgressão, uma celebração ao tempo que está a mandar o frio para trás das costas, evitando a importação sem critério do Brasil.

Aliás, um dos responsáveis disse mesmo que pouco faz quando o organiza, ou seja, este é um Entrudo que vai acontecendo, um pouco ao sabor da vontade das pessoas que lá estão, sem grande necessidade de preparação. E é neste seguimento que apareceu uma dança que se tornou tradição, ao ponto de se confundir com o próprio Entrudo.

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Duas filas aprontam-se para dar ao cu

O ponto alto do Carnaval de Cabanas de Viriato

A Dança dos Cus ou Dança Grande

Todos os anos, normalmente na Segunda-Feira e na Terça-Feira (ou seja, na véspera e no próprio dia de Carnaval), as gentes que visitam Cabanas de Viriato focam a sua atenção no seu principal evento e a razão que o torna tão famoso: a Dança dos Cus, também conhecida por Dança Grande.

A coisa faz-se assim: duas filas de pessoas colocam-se lado a lado e esperam que a Sociedade Filarmónica comece a tocar as primeiras notas de uma valsa; nesse momento começam os intervenientes a bailar. Até ver, nada de mais. O invulgar chega quando, numa mudança de ritmo da valsa, as filas se aproximam uma da outra e dão um embate de nádegas entre os membros de cada uma das fileiras. E assim se vai passeando pela aldeia fora – habitualmente corre-se uma zona da aldeia na Segunda-Feira, deixando o resto para Terça-Feira, embora possa existir a possibilidade da dança ser feita noutros dias também.

Dizem os locais que tudo começou numa peça de teatro feita por lá e que, ao que parece, correu tão bem, que a malta que a interpretou saiu do recinto e foi para a rua dançar, daí resultando esta invulgar dança de choque. Uma explicação popular que poderá ter um fundo de verdade.

Onde ficar

Lapa do Lobo, terra mesmo à beira de Cabanas de Viriato, conta com um espaço especial: casas de granito (decoradas de forma singular) em torno de uma piscina exterior que guardam um excelente pequeno-almoço todas as manhãs. São as Casas do Lupo. Acolhedoras como poucas.

 

Mapa

Coordenadas de GPS: lat=40.47659 ; lon=-7.97412

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