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Se há castelos em Portugal que se revelaram inúteis do ponto de vista militar, como acontece com o Castelo dos Mouros em Sintra, outros há que foram alvo de sistemáticas ofensivas belicistas. O Castelo de Alegrete inclui-se de caras no segundo grupo. E pagou caro a constante lealdade que as terras de Portalegre, no Alto Alentejo, mostraram para com a coroa portuguesa, sobretudo nos tempos em que a soberania deste país do extremo ocidente ibérico estava em risco.

Sempre na mira de Castela, o Castelo de Alegrete fez-se valer da Serra de São Mamede para se defender

Terras leais de Portalegre

Apesar da sua posição geográfica, junto à raia e portanto sempre sujeita a investidas espanholas, Portalegre – e muito em especial o Castelo de Alegrete – mostrou-se fiel à coroa portuguesa mesmo nos momentos em que mais difícil foi assumi-lo. E acabou por sofrer com isso.

Começou com D. João I que lhe deu o título de leal pelo apoio à Casa de Avis, defensora de um golpe que favorecesse a independência portuguesa, contrariando uma possível integração de Portugal em Castela por via da Rainha Leonor Teles, que tinha amante galego de forte influência política na corte portuguesa.

O mesmo aconteceu depois, na altura da Restauração da Independência, quando Portalegre, mais uma vez sem receio de estar num sítio à mercê de ataques castelhanos, foi das primeiras cidades a pôr-se do lado da monarquia lusa, tendo o Castelo de Alegrete resistido a um cerco espanhol, organizado pelo Rei Filipe IV.

E mesmo tendo sido invadido por tropas hispano-francesas, lá se concentrou um forte pólo de resistência aos devaneios imperiais de Napoleão.

A Serra de São Mamede e o Castelo de Alegrete

Castelo de Alegrete a dominar a Serra de São Mamede

Sobre este castelo conta-se uma lenda de Maria que poderá ter origem anterior ao cristianismo

Muralhas do Castelo de Alegrete

História e Arquitectura do Castelo de Alegrete

Alegrete não é só um castelo, embora este esteja na origem do que depois veio. A freguesia – que já foi sede de concelho – corre para norte, descendo o monte onde a fortificação se encontra. Coisa frequente noutros tempos, onde o povo procurava muralhas que guardassem o pouco que tinha.

Mas tudo começa bem antes.

Não indo aos tempos pré-mouriscos, onde sabemos que o monte foi também visado para ser torre fortificada, salientamos a importância que Alegrete teve para os sarracenos. É tido como certo para a maioria dos historiadores que neste mesmo local , a 500 metros de altitude, existia uma fortificação.

No entanto, o que vemos hoje é um esboço de uma época posterior, quando, depois do Tratado de Badajoz e do Tratado de Alcanizes, os terrenos onde agora se situa Alegrete foram confirmados como portugueses. E assim que se pôs isso no papel, seguiu-se a construção (ou reconstrução) de várias fortificações raianas, de norte a sul, sendo o Castelo de Alegrete um deles, provavelmente feito durante o reinado de D. Dinis.

As cicatrizes que a história e a geografia de Alegrete trouxeram ao castelo foram muitas – sobretudo nas guerras da Restauração. A Serra de São Mamede era, no Alentejo, o mais alto obstáculo natural às tropas invasoras, razão pela qual esteve sempre na mira das intenções expansionistas castelhanas. Século após século, feridas de guerra que não sararam foram-se acrescentando ao castelo, que dificilmente permitem visualizar exactamente como era o forte em tempos medievais. Da torre de menagem sobra apenas uma ideia. De resto, é tido como consensual que a sua planta fugia aos cânones militares da altura, muito provavelmente por estar num terreno íngreme e rochoso. A cerca que abraçava a povoação existe a espaços, aqui e ali, embora a Porta da Vila se tenha aguentado de pé, com a ajuda de algumas recuperações.

Depois de uma ou outra adaptação, sobretudo às armas pirobalísticas, deixou de ter a função defensiva que foi seu fardo por quase setecentos anos. A partir do século XIX as guerras peninsulares tornaram-se coisa do passado e o castelo de Alegrete não foi completamente entregue à sua sorte porque, felizmente, há ainda quem lá more, na encosta que vai caindo para o vale setentrional.

Lenda do Castelo de Alegrete

Conta-se que mal o Reino de Portugal foi integrado no de Espanha, uma grande epidemia se instalou nas redondezas da cidade de Portalegre.

Os alegretenses, preocupados com a proximidade da peste, resolveram retirar a pequena estatueta de Nossa Senhora da Alegria do seu lugar sagrado e colocaram-na nas muralhas mais altas do castelo. Serviria ela para afastar qualquer mau olhado que viesse dos vales que cercam a vila. A imagem de Nossa Senhora afastou as doenças do seu povo e desde aí que, como agradecimento, se faz uma festa à Senhora, a quem lhe dedicam o dia 15 de Agosto.

Há quem defenda que, para os romanos, 15 de Agosto era o terceiro e último dia de culto à Deusa Diana. Se a Nossa Senhora da Alegria é um sincronismo disso, não sabemos.

Segundo a lenda, os locais ascenderam a sua Nossa Senhora ao mais alto pico de Alegrete, correspondendo a data da sua celebração com a subida aos céus de Maria – a Assunção da Virgem Maria, como ficou o dia conhecido. No entanto, os romanos celebravam a ascenção de Diana aos céus nessa mesma data, 15 de Agosto. Mais: Diana, a deidade latina (e por favor não situar o substantivo latina na américa do sul), era muitas vezes reclamada como A Virgem. Como dizia, se é sincronismo ou não, não sabemos. Mas que existem coincidências demasiado coincidentes, existem.

Mapa

Coordenadas de GPS: lat=39.23733 ; lon=-7.32402