Cascata da Ermida

Eu nem sabia da sua existência até ter de ir à aldeia da Ermida, à pressa e escusando-me ao almoço, para tirar fotografias à Pedra dos Namorados e à Estátua-Menir, ambas residentes no museu da freguesia que, durante o Inverno, só é aberto com recurso a telefonema. E foi nessa viagem que dei com um par de quedas de água bem encostadas à estrada. Aqui passarei na volta, e assim foi. Garantidos os registos fotográficos das esculturas supracitadas, retornei pelo mesmo caminho e dei-me ao tempo de molhar os pés no Carcacelhe.

Duas por uma

O ribeiro de Carcerelhe forma-se acima dos mil metros de altitude, na crista da Serra Amarela, já dentro do Parque Nacional Peneda-Gerês, e desce pela sua vertente norte em direcção à aldeia da Ermida. Certamente que ao longo desse percurso terá muitas quedas de água por revistar, tarefa que os mais aventureiros não dispensarão em deambulações fora de rota por uma montanha de pedra e tojo. Contudo, a que mais se notabilizou foi a Cascata da Ermida, por se encontrar no exacto momento em que o riacho cruza a estrada municipal que sobe a serra até ao vilarinho, sendo como tal beneficiada por bons e rápidos acessos.

Ou dito de outra forma, a Cascata da Ermida tornou-se familiar porque se situa na primeira oportunidade que o homem tem de chegar até às águas estreantes do ribeiro de Carcerelha via automóvel. Daí para cima, onde as rodas não chegam, manda a fria natureza da Serra Amarela, só visitável a passo, e com dificuldade.

À Cascata da Ermida está associada uma outra, cerca de trezentos metros mais à frente, à qual se deu o alternativo nome de Poço de Carcerelha. Uma e outra são cascatas, uma e outra são acessíveis a pé, uma e outra aproveitam águas do mesmo leito, uma e outra compartilham idêntica paisagem. A diferença maior está mesmo na designação – a mais a montante leva com o nome da aldeia, a mais a jusante com o nome do ribeiro.

O resto já se sabe. Água gélida, porque de nascente. E translúcida, porque de nascente também. Mas sempre uma maravilha de esbugalhar os olhos, como quase toda a catarata do Parque, esta com a benesse de ser menos famosa do que outras – vejam-se as de Terras de Bouro, por exemplo, que por se estarem viradas a sul ficam constantemente cheias no Verão -, e por conseguinte menos caótica.

[Localidade] – o que fazer, onde comer, onde dormir

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