Casa da Fraga

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A Casa da Fraga distingue-se de uma outra, de nome semelhante e igualmente curiosa, a Casa da Pedra. Enquanto esta última se encontra em Fafe, a primeira foi construída no meio de nenhures, num ermo da Serra da Estrela, lugar que hoje tratamos por Penhas Douradas.
Casas de pedra, em Portugal, há que baste. Mas nenhuma tem tantas vezes a neve como convidada, nem tampouco conta com a fama de ser a mais saudável do país.
De uma casa cresceu uma terra
Parece estranho mas não é: muito provavelmente, as Penhas Douradas, lá do alto dos seus 1500 metros, não seriam nada não fosse a Casa da Fraga existir. Ou pelo menos não seriam aquilo que são agora.
Tudo começou com uma expedição organizada pela Sociedade de Geografia de Lisboa à Serra da Estrela. O objectivo era nobre: fundar sanatórios que, como já era feito noutros países, como por exemplo a Suíça, pudessem curar doenças de foro pulmonar. Daí se concluiu haver condições climatéricas, na encosta norte da serra, antes de chegarmos ao seu topo, para um tratamento bem sucedido às patologias.
Sousa Martins, crente nos estudos optimistas que vários cientistas davam aos ares da Serra da Estrela, enviou para lá um dos seus doentes, Alfredo César Henriques, que sofria de tísica pulmonar, que construiu uma casa lindíssima camuflada na paisagem natural que a envolvia.
Ali permaneceu dois anos e as visíveis melhorias no seu estado de saúde deram alento a outra gente, também com problemas nos pulmões, que lá foi procurar casa. E assim, de uma boa notícia, se fez aquele pedacinho encantado que hoje conhecemos como Penhas Douradas.

As sobras do que antes foi uma casa curativa de tísica pulmonar

A Casa da Fraga vista de cima
A Casa da Penha
No livro “Quatro dias na Serra da Estrella”, Emygdio Navarro fala-nos de quão difícil foi reconhecer a Casa da Penha, tão disfarçada na pedra granítica ela estava. Na verdade, lendo parte do relato da altura (e estamos a falar de 1884), quase nada é reconhecível hoje, numa casa que foi destruída pelo desgaste que o tempo provoca, e neste caso, curiosamente, também por um raio que caiu sobre ela.
Lá se escreve acerca de uma sala de entrada, de uma cozinha equipada com chaminé, de uma dispensa, de um quarto para dormir, de um gabinete e de uma varanda (ver postal da casa antiga na foto ao lado). Actualmente, sobram apenas paredes que se deixam confundir com a própria pedra onde tudo se montou, similares àquelas que vemos na aldeia de Monsanto e na vizinha Vir a Corça, ou nos distantes lares de Castro Laboreiro. Percebe-se que abrigou alguém, mas nunca diríamos ser a famosa casa que ajudou César Henriques a curar-se de um problema grave de saúde.
Contudo, merece a visita. Ela e qualquer outra das Penhas Douradas, sobretudo quando, a partir de Novembro, a probabilidade de um tapete branco descer dos céus aumenta, pondo-as como um quadro fantasista que não tem tradução para a nossa realidade. Mas tem. E se há sítio que prova como o ar puro sempre existe, é ir às altitudes do concelho de Manteigas e respirar por si próprio.

A Casa da Fraga, origem das Penhas Douradas, quando ainda era lar de alguém
Onde ficar
Nas Penhas Douradas encontra-se a recente Casa das Penhas Douradas, um hotel que não fere a bela paisagem serrana e que conta com a grande vantagem de ter limpa-neves que trabalham diariamente no Inverno – ao contrário do que acontece no cume da Estrela, a Torre, que fecha quando um nevão minimamente forte aparece.
Tem piscina interior aquecida e com vista para o exterior, restaurante de boa cozinha, sauna, extensiva colecção de livros e DVDs, e bom atendimento.
Mapa
Coordenadas de GPS: lat=40.409 ; lon=-7.56292