Cantos Populares Madeirenses (I)
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Cada região tem as suas formas de expressão popular e a ilha da Madeira não é exceção. Uma das expressões populares mais bem conservadas é a cantiga de tradição. Fizemos um levantamento junto das pessoas mais idosas de poesias líricas vetustas popularizadas na periferia madeirense.
Os cantos populares recolhidos
O primeiro cantar é de tradição familiar, que avós dizem ter falado para os netos.
“Quatro coisas pede o amo/ do criado que o serve/ deitar tarde e erguer cedo/ comer pouco e andar alegre”.
O segundo é próprio da senhora casada que tece reflexões sobre a vida de solteira.
“Rapariga canta e baila/ que não perdes casamento/ já cantei e já bailei/ estou casada há muito tempo”.
O rapaz solteiro é igualmente alvo de cantorias.
“Melro preto é vadio/ vai poisar aonde quer/ é como o rapaz solteiro/ enquanto não tem mulher.”
A próxima cantiga popular fazia-se quando perto de São João, ou no próprio dia, caíam os dentes de leite das crianças. Aliás, sabemos por informante direto que havia gente nova que ia para os terraços das suas casas atirar dentes de leite às telhas. São João decerto atenderia o pedido!
“São João, São João/ pega este dente podre/ e dá-me outro são”.
Segue-se um trio de canções ao sol.
“Ó sol que vais tão alto/ que levas tanto calor/ leva nesses teus braços/ saudades ao meu amor.” “O sol que pica, arranha/ duas naturezas tem/ pica com o pé e com a ponta/ e o meio pica também.” “O sol anda e desanda/ dá voltinhas a se pôr/ eu não ando nem desando/ sou fiel ao meu amor.”
Finalizamos com reflexões sobre o sereno.
“O sereno desta noite/ não sei onde está metido/ está entre o céu e as nuvens/ em garrafinhas de vidro/ O sereno desta noite rompeu a folha da banana/ eu também hei-de romper os lençóis da tua cama.”
Estas amostras orais foram recolhidas na zona sudoeste da ilha da Madeira, em especial nas freguesias da Tabua e da Ponta do Sol.