Santuário de Nossa Senhora do Pilar

by | 18 Jan, 2023 | Lugares, Minho, Monumentos, Províncias, Religiosos

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Ao mesmo tempo que o Santuário de Nossa Senhora do Pilar nascia, o Castelo de Lanhoso morria, porque foi com a pedra retirada ao segundo que se ia montando o primeiro. Hoje, vá lá, temos direito aos dois, e bem podemos agradecer à vontade política que houve no século XX para requalificar os monumentos lanhosenses do Monte do Pilar.

Monte do Pilar, a cabeça de Póvoa de Lanhoso

A norte da Póvoa de Lanhoso, um gigante batólito de granito impera numa colina de quase quatrocentos metros com o nome de Monte do Pilar. Quem vai à vila, um derrame urbano por um fértil vale, raramente desvia o olhar desse polo hipnótico e dominante, onde três monumentos de distintas civilizações se encontram: um castro galaico posteriormente romanizado, um castelo de feição medieval, e um santuário de origem seiscentista.

Podemos dizer que ali se junta a alma guerreira e mística dos povoenses, mas isso não chega. O Monte do Pilar é o inconsciente da terra – aquilo que, sem ter de se pensar nisso, mora na cabeça das gentes de Lanhoso.

E talvez tenha sido isso que levou André da Silva Machado, um burguês que fez fortuna no Porto mas de provável naturalidade lanhosense, a santificar formalmente este lugar, construindo uma igreja cujo nome, muito possivelmente, se inspira no Mosteiro da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, erguido mais de um século antes.

A iniciativa de Silva Machado ficou manchada pela bizarra forma com que decidiu levantar o novo monumento: usando pedra do que sobrava das cercas do castelo, não só da muralha interior como da barbacã. Ou seja, à medida que se completava o Santuário de Nossa Senhora do Pilar, menos Castelo de Lanhoso havia. Quando a obra se concluiu, da fortaleza restava pouco mais do que a torre de menagem. Silva Machado não esteve sozinho nisto. Ao que parece, pediu autorização para utilizar recursos do castelo na construção do templo, e conseguiu – por isso, em última análise, a culpa estará mais em quem o deixou fazer o que fez. E é também justo dizer que o castelo já não se encontrava em grande estado, o que talvez tenha facilitado a muito questionável opção de Silva Machado.

Fachada do Senhor do Horto, na Póvoa de Lanhoso

O início da peregrinação faz-se no Senhor do Horto

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Imagem da Senhora do Pilar na igreja homónima

A Senhora da peregrinação

A peregrinação

Assim que o templo principal do Santuário ficou apto a receber fiéis, uma procissão começou a acontecer, do sopé da serra até ao cume do Monte do Pilar. Ponho a hipótese de termos nesse caminho da fé uma nova versão de um antigo, talvez até pré-Cristão, mas estou em domínios especulativos. Certo é que a peregrinação à Senhora do Pilar ainda hoje acontece, normalmente no terceiro Domingo de Maio.

A celebração dos lanhosenses a uma das suas Senhoras dura apenas um dia. No Sábado a imagem é retirada da igreja que se encontra junto ao castelo, e no Domingo retorna à casa com ajuda dos bombeiros, de grupos de escuteiros locais, de associações municipais e religiosas, e de um exército de devotos. Chegados lá acima, há missa.

A forma como o peregrino atinge o cume do Monte do Pilar, começando no adro da Igreja do Senhor do Horto e terminando na Igreja da Senhora do Pilar, tem semelhanças com os vários cultos das alturas de tantos concelhos de Portugal: a subida é uma reinterpretação da Paixão de Cristo, como aliás é retratado nas várias capelas que se foram construindo depois, a maioria delas do século XVIII – apontam-se as similitudes com o Bom Jesus de Braga, mas podemos falar de muitos outros, como a Senhora dos Remédios em Lamego, a Senhora do Mont’alto em Arganil, o Senhor do Mundo em Mortágua, a Mãe Soberana de Loulé, todos eles a lembrarem a subida ao monte Gólgota por Jesus Cristo.

O Santuário

É comum nos santuários marianos, em especial aqueles que se dedicam à Via Sacra, que a sua construção seja feita por fases, e que as fases sejam de distantes épocas. Muitas vezes, como é o caso do Santuário de Nossa Senhora do Pilar, aquilo que vemos hoje não era nem de perto o que se tinha pensado de origem.

O Santuário da Senhora do Pilar mostrava, no fim do século XVII, um templo único, de contornos maneiristas. Foi o caminho da peregrinação e as capelas depois construídas que lhe deram uma feição de conjunto – umas ermidas levantadas cerca de cinquenta anos depois, como acontece com as de planta quadrangular e de planta hexagonal junto do castelo; outras mais recentes, e certamente longe de terem sido pensadas por André da Silva Machado, como é exemplo a do Senhor do Horto, que acaba por ser um monumento independente mas que, ainda assim, faz parte do todo, já que é nela que a peregrinação se inicia.

Destaca-se, no interior da igreja principal, um interessante trabalho de azulejaria, entre alguns apontamentos barrocos. Perto do templo está também a antiga casa do ermitão, agora parcialmente convertida em restaurante. E do lado de fora, a olhar para o povo devoto, uma imagem da Senhora do Pilar foi adossada a um penedo granítico.

Imagem da Senhora do Pilar no Monte com o mesmo nome

Monte e Senhora do Pilar

Póvoa de Lanhoso – o que fazer, onde comer, onde dormir

Portugal nasceu aqui, num baluarte anterior à própria pátria, hoje conhecido como Castelo de Lanhoso - foi especialmente querido à história de D. Teresa, mãe de Afonso Henriques, que alguns consideram a verdadeira primeira monarca portuguesa. Além da renovada fortificação, há, logo ao lado, duas outras construções obrigatórias - o Castro de Lanhoso, que esteve na origem de tudo isto, e o Santuário de Nossa Senhora do Pilar, que começa no sopé do Monte do Pilar e chega até ao seu topo.

E no entanto, apesar dos três exemplos de património histórico descritos acima já serem suficientes para justificar uma visita, Póvoa de Lanhoso tem muito, mas mesmo muito, para ver. A destacar, temos a Filigrana que é trabalhada em Travassos e em Sobradelo da Goma, em primeiro lugar. Em segundo, o Centro Interpretativo Maria da Fonte, um espaço de pesquisa e divulgação de uma das mais célebres figuras da cultura popular, cantada e pintada e esculpida de norte e sul do país enquanto protótipo da mulher nortenha, e que de uma pequena revolta junto à Igreja de Fonte Arcada fez contagem decrescente para uma nova guerra civil. E em terceiro, caso haja possibilidade de ir a meio de Março, as Festas de São José, que se prolongam por uma semana mas que têm no dia 19 de Março o momento da sua majestosa procissão.

Quanto a lugares estivais, o pontão da Barragem de Andorinhas - num trecho predestinado do rio Ave, logo a jusante da lendária Ponte de Mem Gutierres -, e a Praia Fluvial de Verim, no extremo norte do município, são escolhas evidentes. Não muito longe desta última, o Pelourinho de Moure é uma curiosa obra que contraria o manuelino de onde brotou. E numa outra apertada praia, a Praia Fluvial da Rola, há o Santuário da Senhora de Porto d'Ave, responsável pela concorrida Romaria dos Bifes e dos Melões. De referência internacional é o DiverLanhoso, um dos maiores parques de aventura no continente europeu, com diversificada oferta de actividades, mormente para a criançada.

Nas comidas, os dois andares do Velho Minho guardam boa garrafeira e cozinha regional bem preparada - é bom o cabrito, finalizado com um pudim Abade de Priscos. Para dormir, o resguardo da Casa do Monte da Veiga, junto a Calvos (onde respira um dos mais belos carvalhos nacionais), dá noites sossegadas a quem as quiser, mas também a Villa Moura, em Fonte Arcada, entrega boa qualidade de serviço, piscina, e vista desimpedida sobre a serrania que cerca a sede de concelho.

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Mapa

Coordenadas de GPS: lat=41.58649 ; lon=-8.28121

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