Cabo de São Vicente

by | 13 Ago, 2014 | Algarve, Cabos e Finisterras, Lugares, Natureza, Províncias

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​O irmão gémeo do Cabo de Sagres, um punhado de quilómetros mais a norte, leva o seu nome como homenagem feita a São Vicente, Santo Padroeiro de Lisboa e homem que se deita escondido na barca do brasão alfacinha.

Ambas estas finisterras estão intimamente ligadas ao Portugal místico, bem como ao Portugal dos mares, ao ponto de serem muitas vezes vistas como um só promontório.

A barca de São Vicente

Foi daqui, desta ponta de fim de mundo chamada Cabo de São Vicente, que, segundo a lenda, o corpo do santo partiu, protegido por dois corvos – não por acaso, uma das aves mais simbólicas que há na praça, representação animal do conhecimento por conseguir ver no escuro, ou seja, ver (saber) para lá da escuridão -, em direcção a Lisboa, estando aí o seu corpo e o tesouro que guardava salvaguardados dos sarracenos.

Mais uma vez, deveremos estar na presença de uma nova coloração de tons cristãos de um ponto sagrado romano e pré-romano – os restos mortais de São Vicente, mártir de Saragoça, foram transportados de Valência para aqui, mais concretamente para a desaparecida Igreja do Corvo, numa peregrinação que sugere que este movimento era já feito antes, de outras formas e de outros feitios, tal como o Caminho de Santiago, e que por sua vez foram daqui transferidos por mar para uma nova finisterra: a antiga Olisipo, hoje Lisboa.

​Promontório

Inserido no Parque Natural da Costa Vicentina, o Cabo de São Vicente tem uma aparência mais angustiante que a do seu parceiro de baixo: o seu farol debruça-se de forma suicida sobre a ponta do cabo, e dá a sensação de que está a um encosto de se desmoronar no Atlântico. Não dá para esconder a aura fatalista que aqui cai.

José Calderón Felices escreveu que por aqui era frequente encontrarmos, em tempos pré-cristãos, os ditos moledros, que não são mais do que montículos de pequenas pedras, algo que ainda hoje se associa a ritos de carácter pagão e que fundamenta o lado sacro desta zona antes sequer de Cristo ter existido. É de assinalar uma curiosa crença a este respeito: sempre que se retirava uma pedra destes moledros, ela regressava pela noite à sua origem, e seria Dom Sebastião (!) a fazer retornar a pedra.

Mapa

Coordenadas de GPS: lat=37.023154 ; lon=-8.995986