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Baleal, uma praia que são duas: uma para quem gosta de banhos de sol, outra para quem gosta de banhos de água.

Ilha ou península?

O Baleal já foi ilha. Ilha mesmo, de rocha calcária, sem qualquer ligação ao mar, independentemente da altura do ano – tal como as duas ilhotas que actualmente vemos à sua volta (a Ilha de Fora e o Ilhéu das Pombas). Aconteceu isso numa altura distante, quando Atouguia da Baleia marcava a linha entre a terra e o Atlântico, numa época em que Peniche era, igualmente, insular.

Foi o cruzamento e embate de duas correntes marítimas que permitiu a acumulação de depósitos de areia associado ao recuo das águas do mar que causou a união, embora ténue, da outrora ilha do Baleal ao continente – o mesmo se passando com Peniche.

Todavia, ainda nos dias que correm o Baleal torna à sua condição de ilhéu, sobretudo nas marés vivas do Outono, quando as enormes vagas do equinócio engolem o istmo arenoso. Sobre isto, disse assim Raul Brandão, num soberbo texto que preciso de ter força de vontade para não o copiar na íntegra: Tudo isto perdido no azul ou assaltado pelas ondas coléricas. Os vagalhões avançam e despedaçam-se de encontro às pedras, que vomitam espuma e ficam a babar-se pelos buracos puídos. E outra – lá vem outra – incessantemente para o assalto! Algumas, enormes, varrem o extremo norte do Baleal numa cólera tremenda. As noites são profundas, admiráveis e cintilantes de pedraria – grandes como Deus.

Ainda assim, a ligação a terra acaba sempre por chegar, mais cedo ou mais tarde, com o regresso do bom tempo, e por essa razão começaram por lá a crescer casas de pescadores. Com a democratização das idas à praia no século XX, surgiram então mais casarios de apoio turístico, alguma restauração (destaca-se o Mundano Baleal com o seu risotto de polvo), e escolas de surf. O penedo que contava com meia dúzia de casas pode agora ser considerado uma pequena aldeia à tona de água.

Praia do Baleal

Na verdade, se quisermos ser rigorosos, teremos de usar o plural e falar nas praias do Baleal. A do norte, pedregosa e ventosa, também conhecida por Praia da Lagide, adoptando o nome de uma pedra que lá se fixa; e a do sul, tida por Praia do Baleal Sul, bastante mais resguardada e menos sujeita às vicissitudes naturais.

Há ainda dois pequeníssimos areais, apenas visitáveis quando as marés o permitem. O primeiro esconde-se a oeste da Praia do Baleal Sul, chamada Praia das Cebolas. O segundo, ligeiramente maior, encontra-se no extremo norte do povoado, quase a chegar à Ermida de Santo Estêvão e tem o nome de Praia dos Barcos por ser usada como porto improvisado de batéis de pescadores.

Mas voltando às duas praias principais, porque é lá que mora a vida do Baleal. A fronteira entre ambas é feita por um longo areal de finíssima areia de tantas vezes que foi batida, e que na verdade acaba por repartir o tipo de público que visita a península: para sul vão os veraneantes que procuram sol, para norte vão os surfistas que procuram ondas. Facilita. Afinal, a convivência é complacente quando há quartos para toda a gente.

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A lenda da Senhora das Mercês

Quase a chegar à ponta norte da península do Baleal, mas antes das ruínas do antigo forte que ali, contra toda as forças da natureza, se aguentaram, vemos a Ermida de Santo Estêvão.

Com mais de quatro séculos de história e as devidas requalificações, é dedicada ao santo que lhe entregou o nome, mas é também alvo de um outro culto: o da Senhora das Mercês.

Conta a lenda que alguns piratas sarracenos, habituados a pilhar a Costa da Prata, levaram consigo uma imagem de uma Senhora muito cultuada pelos locais. Com eles trouxeram, também, vários homens, por eles tidos como infiéis, que serviriam de mão de obra nas embarcações e na sua terra natal.

Um desses cristãos, penichense de origem mas obrigado a viver de pouco mais do que tostões no norte de África, reconheceu a tal figura, por tantas vezes a ter louvado quando em Portugal. E tendo essa certeza, propôs oferecer em prata o valor que a Senhora pesava. Duvidava ter dinheiro para isso, pois a escultura aparentava ser demasiado pesada. Mas assim que foi colocada na balança, o milagre aconteceu, e o peso da Senhora das Mercês tornou-se ridiculamente baixo. A prata chegou e sobrou. E com as sobras garantiu-se o retorno da figura ao Baleal, resguardando-se no interior da Ermida de Santo Estêvão.

A vida sobre uma rocha

Vista aérea do Baleal

Peniche – o que fazer, onde comer, onde dormir

Peniche vive cara a cara com o mar. Tirarem o Oceano a um penichense é roubarem-lhe o chão. E por isso toda a movida do concelho distribui-se ao longo da linha costeira: da Consolação à Praia dos Supertubos , do Cabo Carvoeiro à península da Papôa, do Baleal às Berlengas, tudo é mar em Peniche. Aqui se misturam banhistas, surfistas, pescadores e rendilheiras. É o Oeste no seu zénite.

E para o viver há escolhas boas que cheguem. Para quem vem de prancha debaixo do braço, o Supertubos Beach Hostel, mesmo em frente à praia homónima, é escolha certa. Os que privilegiam o conforto têm dois hotéis a ter em conta: o MH Atlântico, a sul, junto à praia, e o MH Peniche, à entrada da cidade. Quanto a casas, o apartamento Berlengas à Vista diz tudo no nome - de todo o lado, vê-se o mar. Mais a norte, no meio do pequeno povoado do Baleal, temos a Silver Coast - Casa da Ilha, um pequeno poiso de dois quartos com cozinha equipada.

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Mapa

Coordenadas de GPS: lat=39.37449; lon=-9.34009

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