Monumentos

Natureza

Povoações

Festas

Tradições

Lendas

Insólito

Um cabo que está na causa de naufrágios, lendas, vulcões e tesouros perdidos. A Papôa é um dos principais sítios a visitar na península de Peniche.

Uma brecha vulcânica cuspiu uma pequena península para cima do Atlântico: a Papôa.

O ilhéu da Papôa

Há quem o chame por Ilhéu da Papôa, mas este pedaço de rocha e terra árida que se encontra na ourela norte de Peniche não é um ilhéu mas sim uma pequena península, acessível por um trecho com cerca de trinta metros de largura.

Na verdade, se quisermos ser exactos, é mesmo uma península que sai de uma península, saindo esta última de uma outra península. Ou seja, passe a confusão, podemos classificar o Ilhéu da Papôa, como uma península de uma península de uma península.

Tentando explicar: para chegar a este ermo atlântico precisamos de entrar em Peniche (primeira península), dirigirmo-nos até à Fuseta (segunda península), e daí partimos para o Ilhéu da Papôa, ou a Papôa propriamente dita (terceira península).

Para chegar a esta última etapa avançamos por um estreito com a ajuda de um passadiço montado para esse efeito. O trilho está bem sinalizado e as escadas que nos levam até lá mantêm-se em boas condições, ainda assim é preciso ter precaução extra em dias de mar revolto e vento intenso, coisa que não é rara no Oeste.

Paraíso geológico

Para os estudiosos da Terra, a Papôa revela-se um caso de estudo geológico, depósito de rochas de diversos tipos (embora maioritariamente calcárias) e que remontam a uma origem que vai até a um tempo em que a Ibéria estava longe do sítio onde está agora.

Os calhaus revelam a origem vulcânica da Papôa, num solo peculiar, semelhante àquele que encontramos nas Berlengas, que aliás se conseguem ver perfeitamente daqui, bastando para isso que não haja nevoeiro.

Um relevo cársico, picado pelo mar, e talhado pelo vento, fresco até nos dias em que o resto do país ferve a quarenta graus. Pouco aqui nasce, tal a exposição à intempérie e à índole do Atlântico. Só os corvos marinhos e gaivotas e cagarras parecem estar indiferentes ao medo que a Papôa inospitamente provoca.

Caminho até à Papôa

Uma pequena península a que resolveu chamar-se ilhéu é um paraíso para geólogos de todo o mundo

Lenda da Papôa

A Papôa, como lugar singular que é, foi constantemente citada em histórias de naufrágios e lendas de mistério.

Se os naufrágios, pelo menos alguns, sabemos que aconteceram – sendo o mais famoso o de um galeão espanhol regressado do Peru que aqui deixou muito tesouro submergido no mar bravo do Atlântico, parte do qual foi recuperado -, as lendas dão-lhe uma dimensão mitológica, muito característica das finisterras ibéricas.

Conta-se que um dos barcos aqui naufragados guardava consigo a imagem da Senhora. Por milagre, tudo se destruiu excepto a imagem, que se resguardou, não se sabe bem como, numa gruta escavada pelo mar, na costa norte da Papôa.

Ali ficou muitos anos até que um barco de pescadores deu com ela, intacta e sentada num trono. Ficaram tão incrédulos com a descoberta que resolveram retirá-la dali de imediato, antes que algum mal lhe fosse feito pelo mar destrutivo de Peniche.

Lá escalaram a Senhora dali para fora e colocaram-na na antiga Igreja de São Vicente e desta foi depois transferida para a actual Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, onde ainda é cultuada.

Mais uma vez, os fins da terra como sítios sagrados relacionados com imagens sacras. Veja-se, entre muitos outros exemplos, o caso da Ermida da Memória no Cabo Espichel, o da Nossa Senhora da Nazaré no Sítio, o do Senhor da Pedra junto a Gaia, o da barca e dos corvos que partiram para Lisboa do Cabo de São Vicente… e o da Senhora das Mercês, mesmo aqui ao lado, no Baleal.

Aliás, não deixa de ser deveras interessante que uma pedra de sentido vertical que se encontra mesmo ao lado da Papôa tenha o nome de Pedra dos Corvos, e acrescente-se que existe uma outra com o nome de Nau dos Corvos, no Cabo Carvoeiro, na ponta Oeste de Peniche – poderá haver uma relação entre a famosa lenda vicentina tão cara à cidade de Lisboa, ou será apenas uma referência aos Corvos-Marinhos-de-Crista que aqui pousam?

Um leixão junto à península da Papôa

A Pedra dos Corvos na Península de Papôa

Peniche – o que fazer, onde comer, onde dormir

Peniche vive cara a cara com o mar. Tirarem o Oceano a um penichense é roubarem-lhe o chão. E por isso toda a movida do concelho distribui-se ao longo da linha costeira: da Consolação à Praia dos Supertubos , do Cabo Carvoeiro à península da Papôa, do Baleal às Berlengas, tudo é mar em Peniche. Aqui se misturam banhistas, surfistas, pescadores e rendilheiras. É o Oeste no seu zénite.

E para o viver há escolhas boas que cheguem. Para quem vem de prancha debaixo do braço, o Supertubos Beach Hostel, mesmo em frente à praia homónima, é escolha certa. Os que privilegiam o conforto têm dois hotéis a ter em conta: o MH Atlântico, a sul, junto à praia, e o MH Peniche, à entrada da cidade. Quanto a casas, o apartamento Berlengas à Vista diz tudo no nome - de todo o lado, vê-se o mar. Mais a norte, no meio do pequeno povoado do Baleal, temos a Silver Coast - Casa da Ilha, um pequeno poiso de dois quartos com cozinha equipada.

Veja em baixo mais ofertas perto de Peniche:

Mapa

Coordenadas de GPS: lat=39.37448 ; lon=-9.37798