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Se um dia o caro leitor comeu Túbaros sem saber o que estava a meter à boca, não se incomode. Quem, como eu e a maioria dos portugueses, come chouriço, que mistura pele e gordura e tripa e carne e sangue, não deveria ficar tão preocupado com uma refeição tão simples como a que aqui se descreve.

Para os cépticos, não importa se são túbaros de porco ou de boi ou de carneiro. No fundo, são testículos de um animal cozinhados em água quente, e isso chega para provocar aversão. Mal sabem o que perdem.

O que são Túbaros?

Túbaros é um aprazível nome para um prato que é comum na zona do Algarve e Alentejo e Ribatejo, sobretudo nos arredores de Estremoz e Arraiolos, que se faz à base de testículos de animais, como porco, por vezes de boi, ou mais raramente, de borrego – outros países aventuram-se pelos de galo ou de cavalo, prática pouco ou nada corrente por cá.

Pode servir como refeição ou como petisco antes desta, e o nome que lhe foi atribuído poderá ter servido uma função comercial – ninguém comeria um prato com o nome verdadeiro do órgão em causa e túbaros serviria assim como bom eufemismo (e resulta, ainda há bem pouco tempo encontrei quem pedisse túbaros sem fazer a mínima ideia do que estavam a pôr à boca, e é impagável ver a expressão de quem os acabou de comer quando sabe a verdade). A origem do nome, contudo, não gera consenso. Mais consensual é ser tido como prato afrodisíaco.

Receita

Indo à preparação. A fase inicial é a mais difícil. Os testículos são postos em água a ferver e lá devem estar entre cinco a dez minutos. Depois retira-se a pele envolvente com a ajuda de uma faca. Antes de serem postos a marinar, devem ser cortados uma primeira vez, em postas grossas, e depois de fritos em azeite até ganharem uma cor avermelhada.

Depois de escorridos, terão de ser cortados uma segunda vez, de forma a formar pequenos cubos, e devem entrar novamente na frigideira, agora com tempero – seja ele sal, salsa, limão, piri-piri, ou pimenta – e onde deverão passar a noite para ganhar sabor. É também habitual fazerem-se acompanhar de ovos mexidos, e quase sempre em forma de revuelto, isto é, com os túbaros já cozinhados misturados nos ovos depois de batidos.

Não é um petisco de fácil acesso e quase todos os restaurantes fora da sua zona de conforto (área que podemos alargar ao sul de Portugal em geral) só os servem por encomenda. No Norte e Centro-Norte do país é praticamente inexistente. O uso dos testículos de animais como refeição é uma tradição que existe também, e porventura com ainda maior força, no sul de Espanha.