O Pinheiro de Guimarães

by | 11 Nov, 2014 | Festas, Minho, Novembro, Províncias, Tradições

Monumentos

Natureza

Povoações

Festas

Tradições

Lendas

Insólito

O Pinheiro de Guimarães insere-se no panorama das festividades estudantis vimaranenses, onde se presta culto ao santo padroeiro dos jovens universitários desta cidade do Baixo Minho. É, a par com o evento das maçãzinhas, um dia que também será aqui falado, um dos momentos altos desta semana dedicada a São Nicolau.

Origem do Pinheiro, nas Nicolinas de Guimarães

Dizem uns que a origem de tal fenómeno está na Ceia que a irmandade de São Nicolau realizava, normalmente uma vez por ano. Explicação escassa para um ritual que começa às poucas da matina, quando o sol nasce, com a serração de um pinheiro gigante e recto, depois transportado em carroça puxada por um par de bois e decorado convenientemente para a ocasião, emproado por um homem vestido de Deusa Minerva – a divindade romana da Sabedoria -, e liderado por grupos de Zés Pereiras com os seus bombos a vibrarem ao compasso da boneca, todos trajados de branco e vermelho.

É interessante notar a proximidade desta festa com o Natal, fazendo o paralelismo de ser precisamente São Nicolau aquele que inspirou a figura agora comercializada como Pai Natal (ou Santa Claus, descendente do holandês Sinterklaas, uma aproximação neerlandesa às palavras São Nicolau), ainda para mais num dia em que se sacraliza um pinheiro, a árvore que por influência germânica se associou à quadra natalícia – como já aqui se escreveu, num texto acerca da origem da Árvore de Natal.

A verdade é que, antes, em vários pontos da Europa (e sendo rigoroso, ainda hoje em alguns pontos da Europa, nomeadamente nas nações incluídas nos países baixos – Flandres e Holanda), o ritual da troca de presentes era feito no dia 6 de Dezembro, dia consagrado a este santo, e só depois, numa nova cristianização da data do nascimento de Cristo, foi-se transferindo este gesto de partilha do dia 6 para o dia 25 de Dezembro, dia em que a Igreja quis que Jesus nascesse. Ou seja, há mais do que indícios para acreditar que o Pinheiro de Guimarães seja uma sobra dessa antiga celebração, que conseguiu resistir à fama que teve em tempos medievais, já que há alguns anos as festas Nicolinas não tinham a duração de uma semana mas sim a de um só dia: precisamente o de 6 de Dezembro.

Bombos e rojões no Pinheiro de Guimarães

Especulações de fora, uma coisa sabemos de certeza: o Pinheiro é o dia em que o povo de Guimarães não tem de arranjar desculpa para sair à noite, comer castanhas e rojões e papas de sarrabulho empurrados por Vinho Verde.

E aos vimaranenses junta-se gente da rival Braga, do Porto, e do norte português em geral. A fama é tal que já há uma franja vimaranense que põe em causa a genuinidade da festa, que, contestam alguns, deixou de ter a cadência profana que deveria ter.

Fala-se, como vem sendo moda, de uma eventual candidatura a Património Imaterial da Unesco. Desejo que tal não aconteça. A bem daqueles que compreendem o Pinheiro enquanto manifestação sua e não dos outros.

Preparem-se os bombos, atenuem-se os ouvidos, exercitem-se os braços. No dia 29 de Novembro, todo o santo ano, o Pinheiro sai para a noite de Guimarães.

Mapa

Coordenadas de GPS: lat=41.440756 ; lon=-8.289996