Rota das Linhas de Torres Vedras

by | 15 Abr, 2016 | Estremadura, Lugares, Natureza, Províncias, Rotas e Caminhos

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As Linhas de Torres Vedras – igualmente conhecidas como Linhas de Wellington – são um caso de estudo, insólito, estratégico, monumental, que mudou a história de uma guerra continental. Estão ao lado de Lisboa e há muita gente que não dá por elas, muito embora elas apareçam um pouco por quase toda a Estremadura.

As linhas não são bem um forte (embora um tenha acabado por ganhar importância graças a elas: o de São Vicente). São antes uma gigante estrutura defensiva militar, feita a norte da capital.

A história por trás das Linhas de Torres Vedras

O contexto histórico é sabido por muitos, pelo menos os traços gerais. Nos finais do século XVIII e inícios do século XIX, a França napoleónica decidiu invadir meia Europa e exigir que parte dela fechasse os portos marítimos ao comércio inglês, na altura dominante no Atlântico.

Portugal, por causa de uma aliança e de uns trocos, recusou-se, e como recompensa recebeu uma invasão francófona, com o apoio espanhol, que teria direito a dois pedaços de Portugal caso a conquista se efectivasse.

Os ingleses vieram em auxílio dos portugueses e o país ficou transformado num autêntico tabuleiro de xadrez, com Inglaterra num lado e França do outro. Duas Invasões aconteceram, uma em 1807 e outra em 1809. Nenhuma delas conseguiu o seu propósito.

Neste jogo de avanços e recuos, Napoleão, cansado da resistência anglo-lusa, enviou um exército massivo, encabeçado pelo reputado Masséna, para tomar definitivamente o extremo ocidente ibérico através da tomada de Lisboa. Mas enquanto tal investida se preparou, portugueses e ingleses adiantaram-se, e, dando bom uso às colinas que protegem terras alfacinhas, construíram em segredo estes muros de defesa que se vieram a chamar Linhas de Torres Vedras. A Terceira Invasão foi travada. Não chegou a haver uma quarta.

A rota

A primeira linha é construída assim que a península estremenha se forma, entre o ponto mais setentrional do Mar da Palha, a oriente, e a Praia Azul, a ocidente. Uma segunda linha situa-se ligeiramente a sul, entre a Póvoa de Santa Iria e Ribamar, grosso modo, com Mafra no caminho. Por fim, existia ainda uma terceira linha, a mais curta das três, situada a oeste de Lisboa, junto à foz do Tejo, com vista a defender as embarcações num mar que se pretendia anglo-luso, e que envolvia o Forte de São João da Barra – esta última serviria, igualmente, como ponto de fuga inglês caso as primeiras duas linhas fossem quebradas. Houve ainda uma última, meio esquecida porque nunca realmente usada, a sul do Tejo, próxima de Setúbal.

Hoje, poderão ser visitadas em forma de rota, que muito apropriadamente chamaram de Rota das Linhas de Torres Vedras. São percursos que revisitam estas trincheiras e fortificações de defesa, tendo elas um papel fulcral no desenvolvimento da história recente da Europa. Há vários possíveis percursos, e todos eles foram alvo de saudáveis recuperações.

Pode ser visitada a Primeira Linha, que passa encostada à cidade de Torres Vedras – é o percurso mais famoso e aquele em que melhor conseguimos perceber como era estar lá, sendo soldado ou camponês -, e que deve ser percorrido a pé ou em bicicleta. Há os caminhos de Wellington, focados nas zonas onde o Duque se fixou, nomeadamente na Quinta dos Freixos onde o comandante estabeleceu o seu quartel. Existe uma outra alternativa, desta vez de cariz fluvial, com o percurso de Defesa do Tejo, perto de Alhandra, onde somos expostos aos bastiões militares de Subserra. O trilho dos Grandes Desfiladeiros, provavelmente o de índole mais natural, de subidas e descidas de morros que se amontoam em torno de Arruda dos Vinhos, podendo daí avistar-se a lendária Cova do Gigante. Temos ainda um interessante roteiro que segue do monumental Palácio Nacional de Mafra até ao mar, seguindo o segundo reduto de defesa, e por fim uma rota com enfoque nos nós das Linhas de Torres Vedras, cruzamentos de caminhos em pólos militares de alto valor geoestratégico.

Feitos em alvenaria, estes redutos, ligados por estradas e trincheiras, e com comunicação telegráfica estabelecida entre vários dos seus pontos mais estratégicos, foram impostos a um terreno que, por si só, já era sinuoso e difícil de ultrapassar para quem vinha em ofensiva de zonas mais setentrionais. No cume dos montes estabeleceram-se importantes postos de vigia. Moinhos viraram armazéns de armamento. E a norte das linhas, destruíram-se campos e campos de cultivo, tirando, literalmente, o pão da boca às tropas francesas, que vendo-se ali estagnadas tiveram de recuar em busca de alimento. Ali permaneceram, nas duas linhas da frente, artilharia e infantaria de várias nações. Além de portugueses e ingleses, juntaram-se alguns espanhóis solidários à resistência ibérica contra os gauleses.

Para consultar detalhes de cada percurso, ir aqui.