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A Cova do Gigante situa-se a nordeste de Arruda dos Vinhos, na província da Estremadura, e fica a pouco mais de meia hora da capital. É um pequeno monte que o saber popular mandou para as páginas do Portugal lendário.

Segundo os Arrudenses, aqui, na Cova do Gigante, ficou moribundo e coberto de terra um enorme gigante que lhes destruía o gado e lhes matava as famílias

O monte que é a Cova do Gigante

A Cova do Gigante está a poucos quilómetros de Arruda dos Vinhos. Partindo de Arruda para norte, seguindo a estrada nacional N115, avançamos em direcção a Corredouras. Passando essa zona industrial, ficamos com o campo apenas, um campo estremenho mas que já deve muito ao Ribatejo. E do lado esquerdo avistamos este pequeno monte de vegetação densa. Tão densa que parece não caber lá um alfinete.

Seguindo essa estrada, damos mais tarde com uma placa que nos manda virar à esquerda, para Monteiro. Aí, chegamos à povoação de Casal do Monteiro, com tapete de vinhas em todo o seu território, ficando a Cova do Gigante escancarada à nossa frente. Poderemos circundá-la, continuando caminho, pelo lado Este, e aí teremos maior noção da alta densidade vegetativa que lá habita.

A Lenda da Cova do Gigante

Uma estranha lenda liga este pequeno cerro a antigos seres, muitas vezes rebuscados a uma certa mitologia Atlante – tal como acontece, por exemplo, com a Pedro do Galo, no Alentejo, e com o Castelo de Almourol, não muito longe daqui. Vamos ao que se conta.

Um gigante começou a aterrorizar as pessoas que viviam nas proximidades de Arruda dos Vinhos.

Matava agricultores e pastores, comia o gado, destruía as vinhas. No final, aproveitava a madeira do arado para palitar os dentes, com ar trocista. A povoação, evidentemente, começou a ter medo de sair à rua. E pior, ficando em casa pouco tinha para comer, porque o gigante tudo devorava.

A vingança chegou, não tanto pelo desejo mas por necessidade. Num dia de trovoada, quando o colosso se preparava para matar outro pobre coitado que teve o azar de lhe passar à vista, um instantâneo raio saiu dos céus directo a ele, matando-o de imediato. Caído no chão, o povo de Arruda dos Vinhos, provavelmente por estar farto de o ver, decidiu cobri-lo de terra. Cada família que tivesse perdido alguém por causa daquele monstro tinha direito a deitar-lhe terra em cima. Tantas famílias eram que o gigante ficou coberto dela, criando o morro que hoje vemos.

Não é de cá, esta conivência entre gigantes e montes. A Athos, na Grécia, é também atribuída uma montanha sacra. E o mesmo se pode dizer em relação ao seu carácter ameaçador e destrutivo – bastará lembrar episódios bíblicos do Antigo Testamento como o de Golias.

Em geral, por todo o folclore europeu é este ser encarado como sinal de caos e desordem e destruição, tal e qual como retratado nesta lenda de Arruda dos Vinhos, e até como acontece em algumas versões marítimas deste ser, começando pelo Adamastor que ficou famoso na pena de Camões.

Mas deixando uma parte da Europa de fora, aqui na Ibéria, no País Basco, os Gigantes são muitas vezes usados para explicar a existência de determinados monumentos megalíticos – tal e qual como acontece na supracitada Pedra do Galo, no Alto Alentejo -, e ali bem perto, entre Arruda dos Vinhos e a Cova do Gigante, situa-se o Casal das Antas onde vários achados pré-históricos, incluindo duas antas, foram encontrados. Haverá ligação?

Onde Ficar

No lado norte de Arruda dos Vinhos, a caminho da Cova do Gigante, situa-se a singela e muito barata Hospedaria Anagri. Casas de banho privadas e oito quartos disponíveis com a zona histórica de Arruda dos Vinhos bem ali ao lado e Vila Franca de Xira a dez minutos.

Em alternativa, se se quiser subir um pouco a parada, há, na entrada sul de Arruda, a Quinta de Santa Maria de Arruda (foto em baixo). Conta com quartos no solar e em apartamento.

Mapa

Coordenadas de GPS: lat=39.014602 ; lon=-9.062388