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Fica no topo de um morro, como qualquer outro. Mas os outros montes que o circundam são de tal envergadura que o Castelo da Lousã mais parece guardar o fundo de um vale.

Densa floresta cobre um pequeno castelo que uma lenda diz ter sido construído para proteger ouro e uma princesa moura – e conta-se que ainda hoje a podemos ouvir chorar

História do Castelo da Lousã

Também conhecido como Castelo de Arouce (há uma lenda a esse propósito, e lá daremos um salto), data do século XI a primeira vez em que ele é mencionado em papel, tendo sido objecto de revisão desde aí, a última delas bem recente, e havendo já confirmação de mais melhorias a serem feitas no que diz respeito às acessibilidades.

Andou de um lado para o outro, como uma bola num campo de futebol, nos anos que se seguiram à sua construção. Passou para mãos cristãs em definitivo quando D. Afonso Henriques lhe entregou foral, táctica habitual para as povoações que se situavam em posições estratégicas, encostadas às fronteiras que iam acima e abaixo na altura da Reconquista – já sabemos que reconquista é palavra controversa, mas não interessa agora vaguear nesses assuntos.

Foi peão importante no avanço além Coimbra. À medida que se iam vencendo batalhas para sul, quando o Tejo passou a nova raia que separava cristãos e mouros, o Castelo da Lousã começou a gozar de um período mais pacífico, correspondido com uma política de povoamento da zona que estava na sua esfera de influência.

Depois disso, e se exceptuarmos uma ou outra rixa entre liberais e absolutistas, parece não ter tido mais nenhuma intervenção militar digna desse nome. Ficou ali, entregue ao denso e cerrado arvoredo, do qual espreita muito timidamente as montanhas que o olham de cima.

O Outono no Castelo da Lousã

Castelo da Lousã em densa floresta

Vista do Castelo da Lousã

Castelo da Lousã em densa floresta

Estrutura do Castelo da Lousã

A primeira nota que fazemos mentalmente quando o vemos é para salientar a sua dimensão. Trata-se, com efeito, de fortaleza bastante pequena e de geometria irregular – nem o relevo circuito lhe permitiria outra coisa, tão revestido que está na pujança vegetativa do vale de Arouce, onde dominam os pinheiros, os carvalhos e os cedros.

Ainda assim, consegue-se reconhecer uma planta aproximadamente circular, com entrada feita pelo lado Sudeste. Esse acesso único ao interior do castelo é acompanhado, de ambos os lados, por encristados cubelos, protectores de más visitas. De lá, parte uma escadaria que nos leva aos adarves. Pormenor curioso é o facto do acesso à torre – esta disposta a norte e anexada à muralha – ser feito precisamente a este nível, isto é, no primeiro andar. Contornando o curto pano de muralhas contamos os quatro torreões semicirculares (incluindo os dois cubelos já mencionados) entre cada lanço amuralhado.

Rematando, é uma fortificação que vemos (ou percorremos) em poucos minutos, sendo mais habitual aproveitar-se o tempo passado nos merlões para vagar os olhos pela paisagem.

Lenda do Castelo da Lousã

Não é de espantar que um sítio destes, sacado a uma fábula medieva, tenha sido alvo de lendas ainda hoje passadas à mocidade. As primeiras referências a essas histórias vêm de há já muito tempo, quase tanto quanto o do castelo, o que só quer dizer que uma boa parte do que é versado possa bem ter um fundo de verdade.

O mais antigo documento veio de Frei António Brandão. É escrito numa prosa confusa para os dias de hoje e evitaremos seguir essas linhas, mas teremo-las de lado como fonte de auxílio.

Aqui vivia, nestas terras que um dia foram moçárabes, um rei mouro, de nome Arunce, muito protector da sua filha, Peralta. Tão protector que lhe resolveu construir fortaleza no meio dos bosques, como refúgio para cenários imprevistos.

A paz por este burgo foi-se evaporando à medida que os exércitos cristão chegavam, vindos do norte. E chegou um liderado por Lausus, invadindo a zona setentrional do que hoje é a Lousã, obrigando o rei e a princesa a retirarem-se até ao castelo agora acabado. Mas a meio da fuga, Peralta avistou Lausus, e Lausus avistou Peralta. A paixão, ainda que improvável, ou sobretudo por isso, aconteceu.

Lausus, vitorioso nas últimas batalhas, resolveu ir à procura da mulher por quem se apaixonou, vasculhando em todo o canto da serra. Sabendo Arunce que, mais dia, menos dia, o seu inimigo iria dar com o castelo, resolveu ele passar ao ataque, e ir enfrentar Lausus cara a cara, deixando todo o seu tesouro, bem como Peralta, na fortaleza.

No dia em que encontrou o líder cristão, travou com ele violento combate, saindo vitorioso. Peralta soube da morte do homem que viu uma só vez e desatou a chorar. Um choro tão prolongado que, conta-se, ainda pode ser ouvido.

Lousã – o que fazer, onde comer, onde dormir

Lousã, a terra do romano Lausus, aviva-nos o estômago com um prato que recordamos desde a primeira vez que o provámos: a chanfana, que é sublimemente cozinhada no restaurante Casa Velha, dentro da vila. Ainda no reino das comidas e bebidas, a Lousã, pela mão de José Carranca Redondo, entregou uma das espirituosas mais famosas do país: o Licor Beirão. É também famoso o seu mel, de tom carregado, com selo DOP.

Quem aqui vem com tempo não dispensa o passeio pela Serra da Lousã e por todos os seus encantos ocultos - o castelo, o santuário, as praias fluviais, as aldeias do xisto (a do Candal e a do Talasnal são especialmente bonitas), a Mata do Sobral... qualquer um justifica uma caminhada exploratória ou que se agarre em duas rodas e penetremos nestes bosques de carvalhos, pinheiros, cedros e eucaliptos.

O concelho da Lousã é rico em turismo, mormente turismo interno, e por isso está servido de robusta rede hoteleira. De qualquer forma, e assumindo que escolhas não faltam, recomendamos muito o turismo de aldeia, que está muito bem representado em sítios como a Cerdeira - Home for Creativity, a Casa da Carvalha, ou a Casa do Cascão.

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Mapa

Coordenadas de GPS: lat=40.100389 ; lon=-8.235421