Bonecos de Estremoz

by | 6 Nov, 2014 | Alto Alentejo, Culturais, Províncias, Tradições

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Para lhe toparmos origem temos de ir até aos idos seiscentistas, quando os Bonecos de Estremoz ainda não eram arte mas sim um passatempo que mais tarde se tornou artístico.

As artesãs que eram tabu

Durante muito tempo se escondeu que as mãos que trabalhavam tais objectos eram femininas, porque tais obras deveriam, segundo o status quo da época, ser pertença dos mestres oleiros portugueses – seriam sempre os homens a base de sustento de uma família, nunca o contrário, e como tal, fez-se o possível para que o mérito não chegasse a quem de direito.

Mas, caindo na real, os Bonecos de Estremoz foram inicialmente um trabalho exclusivo de mulheres (as boniqueiras) desta pequena cidade alentejana, retratando com a precisão que o barro permite as tarefas do dia a dia.

Conta-se que a inspiração prima veio das imagens de culto esculpidas, então, em madeira. Daí partiu-se para a reprodução da lavoura do povo em barro, nunca abandonando o cariz religioso (as figuras de presépio, por exemplo, contam com tantos exemplares que poderemos afirmar tratarem-se de uma sub-categoria), por um lado, e adicionando-lhe uma componente crítica, por outro.

A arte e a etnografia presente nos bonecos

Esta forma de arte quase combaliu no início do passado século, e, passe o paradoxo, apenas rejuvenesceu graças ao esforço de uma velha senhora, de nome Ana das Peles, que, com o impulso de um homem do norte chamado José Maria de Sá Lemos, pôs o que a sua memória guardou cá fora, e tornou a ensinar como fazer os Bonecos de Estremoz no método original: ovalar o barro com a ajuda de ambas as mãos e, com rolos do mesmo, ir podando e acrescentando até que o corpo se complete; depois cortar uma base, também em barro, onde a peça principal deve assentar; seguir com a secagem e a cozedura a 900º; e, a finalizar, a pintura, dando a cor que falta à monocromática argila.

É interessante notar que, apesar de cumprirem uma necessidade que é, na sua essência, decorativa, os Bonecos de Estremoz acabam por ser também um comprovativo etnográfico, porque mostram a evolução do trabalho e de outro tipo de costumes do Alto Alentejo. Mostram ainda, de outra forma, um eventual contexto histórico, já que há registos de bonecos que satirizam personalidades famosas que, pouco ou muito, se envolveram na história deste país, como por exemplo o que dá forma a Napoleão.

Algumas belas esculturas podem e devem ser vistas no Museu Municipal Professor Joaquim Vermelho. Outras colecções estão à vista de todos, em casas de tios e primas e famílias perdidas.

A 7 de Dezembro de 2017 foram considerados Património da Humanidade, selo da UNESCO.

Estremoz – o que fazer, onde comer, onde dormir

Só na cidade de Estremoz já há muito para ver. No artesanato, como é evidente, destacam-se os Bonecos de Estremoz e a sua variante nos Presépios de Estremoz que podem ser apreciados no Museu Municipal. O castelo embelezado no mármore da terra, é digno de visita, bem como a estranha estátua e a bela capela dedicada à Rainha Santa Isabel. Para dormir, o ideal é deslocar-se um pouco para fora da urbe - aí terá as melhores ofertas, surgindo o Sharish, uma casa de campo a dez minutos de carro da cidade, como uma das escolhas mais acertadas.

Fora da sede de concelho, não se pode fugir a um outro castelo, o de Evoramonte, diferente de tudo o que vemos por cá e palco de um tratado de paz que mudou a história da monarquia portuguesa. Dormir no outeiro de Evoramonte é possível e recomendável, sobretudo na casa Olive Tree Cottage ou no The Place at Evoramonte que se situa intra muralhas. Continuando para a fronteira sul do concelho, temos toda a encosta setentrional da Serra de Ossa que merece caminhadas atentas.

A norte, uma cervejola no Nicolau, em Veiros, vem a calhar se se estiver de passagem.

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