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Aigra Velha é uma pequeníssima aldeia do centro de Portugal, atarraxada na Serra da Lousã e pertencente à extensa caminhada que se pode fazer através da Rota das Aldeias do Xisto. Pertence à província da Beira Litoral mas de litoral já pouco tem.

A mais alta das xistosas

Apoximamo-nos dela quando subimos, a apontar ao cume, passando por Comareira e por Aigra Nova. À chegada vêem-se os quartzíticos Penedos de Góis, que contrastam o seu cinzento com o acastanhado próprio do xisto.

Por lá passei há pouco tempo e anda a poucas pessoas de estar abandonada. Quem lá for, que procure por gente. Caso não procure, a pouca gente que lá está encarregar-se-á de procurar o visitante. E a conversa pega sem parar. Lá vivia um casal, e desse vi apenas o homem, já que a mulher se tinha deslocado durante a semana até à Lousã, onde a dinâmica é outra.

Em Aigra Velha, fala-se e trata-se da terra e do gado. Está-se à mercê dos vaipes que a natureza tem, porque lá em cima a natureza pode mais do que cá em baixo. É uma terra de montanha, podemos dizê-lo lá do cimo dos seus mais de setecentros metros de altitute.

O traçado de Aigra Velha

E é neste contexto de quase total exposição às vontades do vento e das chuvas e da neve e do lado selvagem da fauna que rodeava a aldeia, principalmente de lobos ibéricos (que antes aqui procuravam no gado presas fáceis e agora já não se vêem por estas bandas), que compreendemos a moldura de Aigra Velha, uma aldeia ímpar quando olhamos para a sua planta, de casas concêntricas, a olharem umas para as outras e de costas voltadas para o exterior, numa quase fortaleza civil, sem muralha.

As casas têm a particularidade de comunicarem entre si através de corredores internos, isolados da vida lá de fora – mais um exemplo de comunitarismo em território português, como aliás se pode ver no tanque e forno públicos.

O xisto, como é de calcular, vence por maioria face a qualquer outro material, mesmo no abandono de alguns casarios, onde já anda solto, podendo ser parede, como telhado, como chão.

A vegetação rasa que se vê à volta de Aigra Velha é pensada e executada por mão humana, que no Verão queima os campos para que nasça vegetação nova a partir daí.

Passar uma noite estrelada em Aigra Velha deverá ser digno de escrita longa, imagino eu, que apenas a conheço à luz do dia. Dizem que aqui, junto aos azereiros e à ribeira que lhes dá água, vêm passear corços e veados, silhuetas que no meio da palidez das bétulas deverão ser espectáculo de guardar na memória.

Góis – o que fazer, onde comer, onde dormir

O concelho de Góis é conhecido pelas aldeias de xisto que alberga. Das várias que poderíamos aqui falar, destacamos a de Aigra Nova e a de Aigra Velha, bem lá para cima, na Serra da Lousã.

Qualquer altura do ano é boa para as visitar, mas recomendamos uma visita no Outono, pelas cores e bramas dos veados-vermelhos, ou pelo fim de semana do Carnaval, com o seu imperdível Entrudo de Góis. Fazemos notar que, quer a Portantiqua Guesthouse (lindíssima moradia com bicicletas disponíveis para passeio), quer a Casa Banda de Além (uma fenomenal casa recuperada em Aigra Velha), são de poiso obrigatório.

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Mapa

Coordenadas de GPS: lat=40.108902 ; lon=-8.148943